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ALQUIMIA
A estilista alemã Anke Domaske e a matéria-prima que usa em suas peças

Tanto no closet da atriz e modelo britânica Mischa Barton quanto no da cantora americana Ashlee Simpson há roupas feitas a partir de leite estragado. Já nos armários de celebridades como Cameron Diaz, Anne Hathaway e Gwyneth Paltrow brilham calçados fabricados com tubos de televisores antigos. Quem compra em lojas famosas como as brasileiras Cantão, Animale e Isabela Capeto, ou mesmo em grifes internacionais como a inglesa Vivienne Westwood, pode até não saber, mas há grandes chances de usar roupas ou sapatos feitos com seda que a paranaense Glicinia Setenareski produz a partir de casulos rejeitados. Tudo em nome da preservação ambiental, mas sem perder o glamour. Tamanha criatividade atraiu até a top Gisele Bündchen, que participará do evento Green Nation Fest, realizado no Rio de Janeiro, até a quinta-feira 7, no qual as estilistas Anke Domaske, alemã, e a americana Elizabeth Olsen vão mostrar as roupas que fazem com leite azedo e restos de aparelhos de tevê.

Anke é designer de moda, loura, vaidosa, verde e criativa. Ela aproveita o leite que estragou para fabricar uma fibra com a leveza do algodão e a suavidade da seda (leia quadro). A estilista, que vive em Hannover, ainda produz em pequena escala, mas prospera rapidamente. Seus modelos com tecido de fibra de leite vencido são vendidos pela internet no mundo todo. O empecilho é o preço: são cinco vezes mais caros, em média, do que as roupas tradicionais. “Todos os anos, quase dois milhões de toneladas de leite impróprio para o consumo são descartadas pelas empresas agrícolas, só na Alemanha. E nós o usamos como matéria-prima. Além disso, só trabalhamos com pecuaristas sustentáveis”, diz a designer, que também cita o alto consumo de água das plantações de algodão como ponto negativo do concorrente.

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O argumento da redução de danos também é usado pela estilista americana Elizabeth Olsen, mais uma atração do evento carioca. Seus calçados, vendidos em Nova York e pela internet, usam produtos sintéticos – feitos a partir de sobras da indústria de tevês do Japão – no lugar do couro. Quem usa certamente aprova um produto que evita maus-tratos aos animais. Mas quem os vê pouco nota diferença em relação ao couro normal ou mesmo à camurça. “Eu entendo que o Brasil e muitos outros países desenvolveram suas economias com base na criação animal. Não desejo mal às pessoas que sobrevivem dessa indústria. Mas acredito que a percepção de que a pele de um animal morto é um artigo de luxo é uma farsa de marketing velha, arcaica”, afirma.

O evento Green Nation Fest também servirá para que a estilista americana tenha a oportunidade de saber que a moda ecologicamente correta conquista as passarelas, vitrines e consumidores também no Brasil. A paranaense Glicinia Setenareski desenvolve um trabalho que consiste em aproveitar casulos rejeitados do bicho-da-seda na produção de roupas, calçados e tecidos para decoração. Seu trabalho vai do acabamento rústico ao parecido com o da seda comum. “Atendo quem não abre mão de produtos sofisticados e também aqueles que não se importam em usar tecidos com imperfeições”, explica. Tomara que a moda pegue.

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