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DESPEDIDA Ao lado da mulher, Eliot Spitzer, que ficou conhecido por combater o crime, assume o próprio erro

Política e sexo extraconjugal são dois componentes de uma fórmula explosiva nos Estados Unidos. Basta lembrar o ex-presidente Bill Clinton, que passou meses ameaçado de impeachment por conta de seu caso com a estagiária Monica Lewinsky. Acrescente-se à mistura uma rede de prostituição de alto luxo, US$ 80 mil gastos no mercado de sexo e telefones grampeados. É queda na certa. Eliot Spitzer, 48 anos, eleito governador do Estado de Nova York em novembro de 2006, caiu dois dias depois de o jornal The New York Times revelar que ele era cliente da Emperor’s Club V.I.P., uma agência que promovia encontros entre prostitutas e clientes de alto poder aquisitivo em cidades como Washington e Nova York.

Não há, por enquanto, nenhum indício de que Spitzer tenha usado dinheiro público em suas atividades no Emperor’s Club ou no mercado de sexo em geral. Seu nome entrou em uma investigação federal sobre a rede por dois motivos. O primeiro foram operações financeiras suspeitas, por meio de empresas de fachada, realizadas justamente para mascarar seus pagamentos a serviços de prostituição. O outro problema que colocou Spitzer na mira dos investigadores foi o deslocamento de uma garota de programa entre Estados americanos, o que configura crime no país. Identificada inicialmente como Kristen, Ashley Alexandra Dupre, 22 anos, testemunhou na Justiça que se deslocou de Nova York para Washington no dia 13 de fevereiro, para fazer um programa de quatro horas, pelo qual o governador pagaria US$ 4,3 mil.

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PIVÔ A prostituta identificada como Kristen, que viajou a Washington para um programa com Spitzer

Conhecido por sua atuação como procurador- geral do Estado, cargo que ocupou por oito anos antes de se candidatar ao governo, Spitzer ganhou projeção por combater crimes financeiros, mas também atuou no desmantelamento de redes de prostituição. Casado há 21 anos e pai de três filhas, acabou renunciando na quarta-feira 12. “O remorso que eu sinto vai estar sempre comigo”, disse, ao lado da mulher, Silda. Spitzer tinha manifestado apoio à candidatura de Hillary Clinton, mas, depois do escândalo, a senadora rechaçou o voto do superdelegado à convenção nacional do Partido Democrata.

Após se desculpar com os eleitores do Estado, pediu que se alinhassem com seu vice, David Paterson. O novo titular do mandato, previsto para terminar em 2010, vem de uma família com longa tradição política no distrito do Harlem. Será o primeiro negro a governar o Estado de Nova York. E também o primeiro deficiente visual. Por causa de uma infecção adquirida na infância, Paterson perdeu completamente a visão do olho esquerdo e ficou com as funções do direito muito prejudicadas.

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O SUCESSOR David Paterson é o primeiro governador negro de Nova York