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TRIBUNAL
Beltracchi, 60 anos, no julgamento: sentença de seis anos

Em outubro de 2011, quando foi anunciada a condenação do alemão Wolfgang Beltracchi, um dos maiores falsificadores de obras de arte da história da Europa, galeristas e colecionadores em todo o mundo respiraram aliviados. O estrago causado pelo habilidoso fraudador, estimado até então em R$ 80 milhões, finalmente estava contido. Ledo engano. Na semana passada, da prisão onde cumpre sentença de seis anos, Beltracchi deu uma entrevista à revista alemã “Der Spiegel” na qual declarou que sua produção de cópias era bem mais volumosa do que se imaginava. Enquanto a polícia trabalhava com estimativas de até 200 peças, o próprio Beltracchi disse estimar sua produção em até duas mil telas. “Fiz cópias de uns 50 artistas diferentes”, disse ele.

O trabalho de Beltracchi como fraudador começou nos anos 1970, quando ele fazia cópias de expressionistas menores que seriam vendidas com boa valorização, mas sem levantar grandes suspeitas, em feiras de antiguidade. Com o tempo, aprimorou a técnica e ganhou confiança para copiar artistas mais conhecidos como Max Ernst e Fernand Léger. Nos anos 1990, seu auge como falsário, Beltracchi chegou a criar falsas séries de pinturas que ele atribuía a famosos expressionistas. Desconhecidas do público – pelo simples fato de nunca terem existido –, eram vendidas com o argumento de que teriam ficado esquecidas no acervo particular de ricos colecionadores alemães já mortos. Com a ajuda do neto de um desses colecionadores, Beltracchi conseguiu dar nome, preço e legitimidade às obras. Foi nessa época que uma de suas telas foi comprada pelo ator americano Steve Martin, que acreditava estar pagando US$ 700 mil (R$ 1,3 milhão) por uma tela do expressionista Heinrich Campendok. A tela, falsa, foi revendida pelo ator antes de a fraude ser descoberta.

“Não consigo entender a ideia de comprar uma obra desse calibre sem ajuda profissional se até a gente faz seguro nas nossas vendas, caso o comprador queira disputar a autenticidade de uma obra”, diz Katia Mindlin, presidente da Sotheby’s no Brasil. Como nem todos são tão cuidadosos, é certo que, quando Beltracchi sair da prisão, em 2017, suas cópias ainda estarão circulando pelo mundo. 

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ENGANO
O ator Steve Martin pagou R$ 1,3 milhão por tela falsificada por Beltracchi

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