Confira, em vídeo, um trecho do episódio “Serra de Fechados” :

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ISOLADOS
Os irmãos Alif e Samuel: duas horas de trilha em cima de um burro até o colégio

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No Amazonas, a câmera acompanha um índio que cruza rios e florestas para cursar história. No Ceará, a lente registra o equilíbrio de três irmãos na garupa de uma mototáxi que os leva para a escola. Em São Paulo, o foco é na rotina de uma deficiente visual que dá aulas de balé clássico a jovens sem visão. Retratar o esforço de brasileiros para aprender e ensinar é interesse antigo da diretora de cinema Heloísa Passos. Em 2005, sua curiosidade pelo tema deu o primeiro fruto: um documentário mostrando o difícil caminho percorrido pelas crianças da Colônia de Castelhanos, a 70 quilômetros de Curitiba, para chegar à escola. Encantada com o que ouviu, a diretora percebeu que o assunto merecia mais tempo e dedicação. “Foi o que me convenceu a desbravar o Brasil atrás de histórias com esse tema”, diz.

Desde 2005, um novo projeto, maior e mais ambicioso, tomou forma. Foram anos de trabalho até que o produto final, a série “Caminhos”, de 13 capítulos, ficasse pronta. O fio condutor é o esforço e a perseverança em nome da educação protagonizados por adultos e crianças de 12 Estados. A estreia do trabalho, cujos segmentos têm 26 minutos, está marcada para o domingo 18, pela Sesc TV, na tevê aberta.

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DE BICICLETA
Tamires, 10 anos, pedala meia hora com os irmãos até chegar à escola

Das histórias contadas em “Caminhos”, as de crianças são as que mais emocionam. Os irmãos Alif, 10 anos e Samuel, 9, vivem isolados com os pais na Serra dos Fechados, em Minas Gerais, a 160 km de Belo Horizonte, e percorrem vales e montanhas em lombo de burro por duas horas para chegar ao colégio. “Sabe o que quer dizer A.C.?”, pergunta Samuel a Alif. “Li no livro, A de antes e C de Cristo: antes de Cristo.” Talvez por escancarar o vigor da curiosidade na infância e a amplitude do impacto da educação nessa fase é que episódios como esse toquem mais o espectador.

Outro especialmente belo é o caso da menina Tamires, de Pernambuco. Ela pedala meia hora, todos os dias, para estudar. “Gosto de matemática e quero ser contabilista”, diz ela, aos 10 anos. Quando chove, o caminho é percorrido a pé e leva o dobro do tempo. “Mas eu gosto muito!” “Ver que nada segura quem quer aprender é estimulante”, diz Neide de Aquino Noffs, diretora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. “Mas isso não pode mascarar o que está acontecendo: esses alunos não estão sendo bem atendidos pela rede de ensino.” 


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