Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris Pinacoteca do Estado de São Paulo/ de 24/3 a 17/6 Museu de Arte Moderna, RJ/ de 17/7 a 16/9

img3.jpg
LONGILÍNEO
O estilo alongado das figuras de Giacometti prepondera em
todo o seu trabalho, como na pintura “Grande Nu”, de 1961

Ativo desde a primeira década do século XX até os anos 1960, Alberto Giacometti é um dos mais importantes artistas modernos. A mostra “Alberto Giacometti: Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”, com cerca de 280 obras e fotografias de todas as fases de sua carreira, é sem dúvida uma introdução à história da arte moderna. Mais especificamente, a representação da figura humana pela arte moderna, já que Giacometti teve o ser humano como tema absoluto e obsessivo de sua obra. A retrospectiva, em cartaz a partir de 26 de março na Pinacoteca de São Paulo, é também a ocasião para o lançamento da primeira monografia consagrada ao artista no Brasil, intitulada “Giacometti” (Cosac&Naify, 368 págs., R$ 120).

Alberto Giacometti encontrou seus primeiros modelos vivos entre os membros de sua família. Seus primeiros retratos reconhecidos são desenhos de sua mãe, realizados em casa, em Borgonovo, Suíça, em 1913. Mas antes de posar para o jovem desenhista a mãe era a modelo oficial do pai de Giacometti, que era pintor. O próprio Alberto posava para seu pai, Giovanni Giacometti, e para seu padrinho, Cuno Amiet, que juntos introduziram o menino no ofício da pintura e do desenho. Nesse ambiente caseiro fértil em atividade artística e criativa, Giacometti efetivamente começou a desenhar muito cedo. Segundo ensaio de Véronique Wiesinger, diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti e curadora da exposição, o menino escolhia os mesmos temas que seu pai e às vezes até os mesmos enquadramentos.

img.jpg
MODERNO
Giacometti mudou-se para Paris em 1922 para
estudar escultura e lá viveu até o final da vida

Annette, futura esposa de Giacometti, se tornaria sua modelo quando o jovem artista chega a Paris, na década de 20, para estudar escultura e onde viveria durante toda sua vida. É com ela que o artista chega ao estilo com o qual se consagrou: um desenho longilíneo e dramático, talvez influenciado também pela pintura cubista de Georges Braque. Em 1952, ele escreveria ao pintor cubista: “Como falar da sensação que a vertical ligeiramente fora do eixo do vaso e das flores que se erguem sobre um fundo cinza provocam em mim?” Mas, à revelia da fama longilínea de Giacometti, a curadora Véronique afirma categoricamente no livro: “A verticalidade tão elogiada das obras de Giacometti é um engodo – nenhuma figura, nem mesmo ‘As Grandes Mulheres’, é reta (…). Elas não são, na verdade, nem mais nem menos retas do que árvores.”

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Entre os corpos longilíneos – ou tortos – como árvores, a exposição apresentará uma série de esculturas influenciadas pela arte africana e da Oceania, como “O Casal” e a inquietante “Mulher Colher”, que foi esculpida em 1927 e foi a primeira obra exibida publicamente pelo artista, no Salon des Tuilleries, nesse mesmo ano.

img2.jpg
PRIMITIVO
A escultura “O Casal” (acima), de 1927, afirma a influência da
arte africana nos anos de formação. Já a escultura monumental
“Homem Caminhando”,de 1961, consagra um estilo próprio

img1.jpg

No núcleo documental da mostra, destaque para as fotografias do ateliê onde Giacometti trabalhou durante 40 anos, na rue Hippolyte-Maindron 46, em Paris. Espaço que, como aponta a curadora, foi “uma extensão de si mesmo”, uma caixa de 4 x 4 metros que “facilmente poderia ser comparada a uma caixa craniana na qual coexistiam a percepção da realidade e visões mágicas”.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias