ANTI-HORÁRIO – GISELA MOTTA E LEANDRO LIMA/ Galeria Vermelho, SP/ até 5/4

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SISTEMAS
No vídeo “Calar” (acima), o calor dos corpos é rastreado;
na instalação “Zero Hidrográfico” (abaixo), o mar é esquematizado

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Os limites cada vez mais indeterminados entre homem, máquina e natureza são preocupações constantes da dupla Gisela Motta e Leandro Lima. Produzir um equilíbrio tênue entre esses domínios – ou, em certos casos, incentivar seu desbalanceamento – é a intenção de praticamente todos os trabalhos expostos na mostra “Anti-Horário”, em cartaz na Galeria Vermelho, em São Paulo.

A impactante instalação “Zero Hidrográfico”, que foi concebida para a exposição “Água na Oca”, em 2010, é uma espécie de esquema visual em três dimensões, que simula o movimento das ondas e as oscilações do nível do mar. Realizado com um sistema motor simples – e imperfeito – e lâmpadas de neon, o objeto expõe de maneira esquemática o que seriam as variações da superfície da água. Esse “mar” confinado aos limites de um quadrado e de uma rede representa bem o tensionamento natureza e cultura, que a dupla desenvolve com perspicácia e sofisticação.

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CONTRAFLUXO
O vídeo “Anti-Horário” se refere ao movimento cíclico da existência

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A insubordinação às leis naturais do tempo – e a firme determinação de resistir a elas – é o tema levantado em “Anti-Horário”. O vídeo que dá nome à mostra se refere ao movimento cíclico da existência humana: é uma espécie de linha do tempo circular, em que corpos funcionam como os ponteiros de um relógio. Os corpos de um certo casal percorrem tal linha ao longo de uma hora; e a criança, mais ágil, faz o trajeto em um minuto. Os três correm a favor do relógio, e o campo sobre o qual pisam se impõe a essa vontade em movimento anti-horário.

A natureza humana, seus afetos e desafetos, está expressa na videoinstalação “Calar”. O trabalho foi realizado com uma câmera de termografia, que é utilizada em vários ramos da indústria para detectar o calor gerado em zonas de tensão e defeito em sistemas. Em duas telas, o trabalho simula uma conversa entre dois corpos. Eles se enfrentam e se tocam, produzindo frio e calor um sobre o outro. As marcas dessa relação que oscila entre afeto e violência são visualizadas na pele dos dois protagonistas, graças às imagens geradas pela câmera termográfica. Seus corpos e emoções são, portanto, colocados na posição de sistemas – ou máquinas – a ser rastreados e documentados.  

 


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