OFNIs - OBJETOS FLUTUANTES NÃO IDENTIFICADOS

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No ano de 1989, Guto Lacaz realizou uma inusitada intervenção no lago do Ibirapuera. “Auditório para Questões Delicadas” constituía-se, literalmente, de um auditório cujas cadeiras flutuavam no lago do parque. Apaixonado por náutica e pela água, o artista estudou meticulosamente a possibilidade de fazer as cadeiras deslizarem sobre a superfície do lago sem afundar. “Acho lindo o fenômeno da flutuação na água. Eu queria ser engenheiro naval antes de tudo, mas era ruim em matemática. Hoje, em vez de construir barcos, faço objetos de arte que flutuam”, comenta o artista cuja criação é, acima de tudo, repleta de engenhosidade.

Mais de 20 anos depois de sua primeira intervenção aquática, Lacaz apresentou em 25 de janeiro, em comemoração ao aniversário da cidade de São Paulo, o trabalho “OFNIs – Objetos Flutuantes não Identificados Ibirapuera” (foto) no mesmo lago. Constituídos de dois cubos brancos metálicos e equipados com motores de popa pilotados por Lacaz e um assistente – escondidos no interior das estranhas embarcações –, os OFNIS chamaram a atenção de quem passou pelo parque naquela data. “É interessante ver a reação das pessoas. Alguns querem uma resposta pronta e acharam que era um instrumento para medir a poluição. Mas no mundo da arte contemporânea o interessante é observar essa angústia de não se ter certezas”, diz Lacaz. Os objetos não identificados de Guto Lacaz poderão ser novamente avistados no lago do Ibirapuera nos próximos domingos, 4 e 11 de março, entre as 10 e 11 horas e entre as 16 e 17 horas.

Os OFNIS surgiram em junho de 2011, quando o artista foi convidado para o evento “Aberto Brasília – Intervenções Urbanas”, que teve curadoria de Wagner Bajar. Para a ocasião, desenvolveu uma espécie de protótipo feito de 79 caixas de isopor. “Era um material mais barato e fácil de montar. Em Brasília a intervenção foi feita com apenas um OFNI, que flutuou sobre o lago Paranoá”, explica Lacaz, cuja principal inspiração para esse invento foi a arte cinética. “Eu queria criar um híbrido de arte cinética e intervenção urbana que dialogasse com a paisagem. No fim das contas é uma espécie de objeto-happening porque também depende da reação das pessoas que o observam”, afirma.