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Ao pisar na galeria Nara Roesler, o visitante se depara com uma coleção de teatros e carrosséis em miniatura. No palco daquele microteatro, um balanço solitário oscila entre uma plateia vazia e uma cortina estampada com um céu. A criança e a plateia estão ausentes e o visitante de pronto se dá conta de que é ele o único espectador daquele teatro. Como se tivesse encontrado o mesmo frasco com o rótulo “Bebe-me”, que fez Alice crescer no País das Maravilhas, o visitante assume a proporção de um espectador gigante. Crescer, voar, cair e experimentar diferentes escalas são algumas das sensações proporcionadas pela exposição “Voar”, de Brigida Baltar.

A passagem de Alice é lembrada, mas a maior referência para a artista foi mesmo a teatralidade dramática do cineasta Ingmar Bergman. O teatro é o cenário escolhido para o voo de Brigida Baltar, talvez pelo protagonismo que a ficção tem assumido na trajetória da artista. “Acredito que meu trabalho partiu de uma linha existencial e caminha para a fábula”, diz Brigida. Nessa fábula, ela alça voo sobre o Rio de Janeiro antigo, a estatuária art nouveau e a música clássica. Na sala principal da galeria, cria-se um ambiente em que o visitante retoma sua condição ínfima de fragilidade e impotência física diante de trabalhos monumentais. Entre eles, o filme “Voar”, em que uma maestrina rege coro invisível em 16 vozes.

Montada originalmente em 2011 no Oi Futuro, no Rio, a exposição é inteira composta de representações simbólicas de quedas, voos e pousos. Começou a ser concebida quando Brigida e seu irmão Claudio, diretor de engenharia circense, decidiram desenhar juntos uma máquina de voar. O projeto se materializou em uma aquarela, que não chegou a sair do papel, mas se metamorfoseou em uma coleção de esculturas que hoje é apresentado na vitrine da galeria: “A Vertigem do Pavão ou Máquina para Voar”, “Claridade e Brilho” e “Teatro” (foto). 

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