chamada.jpg
INVESTIGAÇÃO
Mito de que ouro nazista teria sido escondido em
submarinos inspirou a instalação “Proyecto U-Boot”

Há pelo menos três destinos especuláveis para os tesouros nazistas escondidos na Segunda Guerra Mundial. O Lago Töplitz, nos Alpes austríacos, o município de Deutschneudorf, na Alemanha, e uma série de tratores da marca Heinrich Lanz e submarinos U-Boot, enviados para a América Latina na época. O mito de que o “ouro nazista” teria sido escondido em peças automotivas levou o artista chileno Patrick Hamilton a uma pesquisa que culminou em três trabalhos. O “Proyecto Lanz” (2009), o “Proyecto U-Boot” (2010) e o vídeo “U-Boot” (2010) estão expostos hoje no Paço das Artes no “Projeto 5×5”, a primeira de uma série de cinco exposições sobre a América Latina, concebida por Priscila Arantes e Adriano Casanova.

O projeto partiu da vontade de ambos os curadores de realizar um mapeamento da arte latino-americana. Mas em vez de centralizarem as pesquisas para desenhar tal mapa, decidiram democratizar o processo, definido por eles como “uma rede de pesquisa descentralizada”. Essa rede tem regras iniciais bem definidas: os curadores escolhem um artista para uma exposição individual, e ele, por sua vez, deve convidar outros cinco para uma mostra coletiva simultânea.

“Ultramar Sur”, a individual de Patrick Hamilton que abre a série de exposições, tem a colonização como questão central. No vídeo, a intrigante imagem de um submarino que emerge e desaparece das águas remete ao mecanismo do trabalho do artista chileno, que revela e obstrui fragmentos de uma história que fica entre o real e o fictício. Hamilton, por sua vez, é o responsável pela coletiva “Copa América”, com Alberto Baraya (Colômbia), Alexander Apóstol (Venezuela), Jota Castro (Peru), Teresa Margolles (México) e Wilfredo Prieto (Cuba). “Esse é um modelo de mapeamento em que os artistas se comunicam”, diz Adriano Casanova. Nas outras quatro edições do “Projeto 5×5”, serão selecionados para as mostras individuais um brasileiro, um argentino, um colombiano e um mexicano.

img.jpg
ESCONDE-ESCONDE
Vídeo revela e obstrui trechos de história fantástica

O interesse na América Latina se explica: Adriano Casanova é diretor artístico da Galeria Baró, que concentra 70% de seu time de artistas na região. E a pesquisadora Priscila Arantes, também ­diretora do Paço das Artes, está interessada em sistemas de reescritura da história. “Há hoje um deslocamento do discurso eurocêntrico. Daí, a importância de o historiador se empenhar em outras escrituras”, diz ela.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Em um momento em que a economia latino-americana renasce aos olhos do mundo, é a hora de rever nossa história. Esse projeto, que no final contará com ampla documentação em livro de cinco tomos e filmes documentais, será um belo capítulo dessa história.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias