Saem o uísque 12 anos, os vinhos das melhores cepas e os mais sofisticados aromas de perfumes. Entram as usinas de álcool. O empresário Jonas Barcellos acaba de embolsar US$ 500 milhões com a venda das lojas Brasif (os free shops dos aeroportos) para a multinacional Dufry, com sede em Basiléia, na Suíça. E com parte do dinheiro pretende montar usinas de álcool. Essa alternativa de investimento surgiu há seis meses, a partir de uma parceria com o empresário Alexandre Grandene, vizinho de fazenda em Valparaíso, interior de São Paulo. “É um negócio com perspectiva muito grande e quero entrar nesse mercado”, disse Barcellos à ISTOÉ, com sotaque perdido depois de tantos anos radicado no Rio de Janeiro. Barcellos pretende começar processando um milhão de toneladas de cana, mas já tem como meta chegar em breve a 2,5 milhões. Aos 69 anos, ele também pretende aumentar seu negócio de aluguel de máquinas e uma atividade comercial que se mistura com um hobby pessoal: o desenvolvimento genético do gado zebu, feito em três de suas seis fazendas em Uberaba (MG).

Apesar da venda, a marca Brasif vai continuar a ser vista nos aeroportos. Até que se concluam os trâmites burocráticos, os executivos da Dufry não pretendem fazer mudanças. Só mais tarde irão adotar o seu próprio título. O negócio incluiu a compra da Eurotrading, empresa de Barcellos que cuida da logística que fornece mercadorias para a rede de 51 lojas, distribuídas em sete aeroportos do Brasil. Destas, 29 como free shops.

A venda da Brasif não chegou a ser planejada. No ano passado, Barcellos foi procurado por três bancos de investimento, interessados em abrir o capital da parte de varejo da empresa. O movimento repercutiu no mercado e atraiu a Dufry, há 100 anos no ramo, que ganhou a preferência de Barcellos por uma razão muito simples: seu único filho não se interessou em ficar com as lojas, enquanto ele próprio queria dar continuidade ao negócio. Apesar do faturamento de US$ 262 milhões no ano passado, o empresário não pensou duas vezes: “Acredito que, com a Dufry, o negócio vai continuar a crescer, tanto aqui quanto no Exterior.” Enquanto isso, pretende manter a vida entre a cidade e o campo. “Um amigo médico me disse que fazenda pode não ser um bom negócio, mas faz bem à saúde.” E não precisa ser médico para garantir que dinheiro mal não faz.