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Neste começo de 2012, o Instituto Tomie Ohtake, pretende não só celebrar os dez anos de sua fundação, mas fazer uma análise prospectiva da nova produção de arte contemporânea brasileira.

Por meio da curadoria de Agnaldo Farias e Thiago Mesquita, a mostra “Os dez primeiros anos” reúne artistas que despontaram na última década sob o signo da diversidade de suportes, porém tendo em comum “um projeto poético e universalizante”. “Estão presentes nos trabalhos tensões que se dão em nível global. As realidades particulares, as realidades da metrópole não são mais questões ligadas às identidades nacionais apenas”, explica o curador, Agnaldo Farias.

Mesmo com o objetivo de abordar o lado cosmopolita da produção brasileira, é possível perceber na mostra a apropriação – por parte dessa nova geração – de uma certa estética da precariedade e do improviso, própria das periferias brasileiras e da criatividade de quem vive do trabalho informal. Exemplo é a instalação de Marilá Dardot, “Biblioteca de Babel” – feita com a doação de livros pelo público e montada com redes e caixotes de frutas – e obras de outros artistas, como a escultura “Visibilidade Ambulante” (foto), realizada pelo maranhense Marcone Moreira, em 2009. Após registrar em fotografias a decoração de isopores de diferentes vendedores ambulantes da cidade de Belém, o artista resolveu fazer uma espécie de escultura com isopores, ao modo da arte concretista brasileira, ressaltando as cores e formas.

A ponte entre a “brasilidade” e o “universalizante” pode ser notada também nas obras de jovens pintores brasileiros. Nas telas de Tatiana Blass, a cenas indefinidas se desintegram e diluem, enquanto as paisagens de Rafael Carneiro e Rodrigo Bivar são compostas pelo realismo naturalista. A questão aqui não seria a paisagem, tema pictórico realizado ao longo dos séculos, mas sim o estatuto da pintura na era das imagens digitais. “A referência desses artistas não é a paisagem em si, mas a fotografia e o vídeo, ou seja, de que maneira está se dando essa transição de referências imagéticas características deste novo século”, explica Farias.