img2.jpg
FUTURO DO PRETÉRITO
Desenho do arquiteto Nadir Cury Mezerani para o projeto da av. Paulista subterrânea, de 1973

A mais antiga e célebre das artérias urbanas da cidade de São Paulo, a av. Paulista não pode ser arborizada. Esse eixo por onde circulam diariamente mais de um milhão e meio de pessoas não tem árvores simplesmente porque é oco: esconde em seu subsolo 22 galerias desocupadas – ou ocupadas indevidamente. “Esse espaço é um gigante adormecido, que faz da Paulista uma área suscetível à abertura de crateras e cheia de infiltrações”, afirma a artista paulistana Sonia Guggisberg. Esse capítulo da história da av. Paulista, apagado da memória da cidade, está no documentário “Subsolo”, em finalização, em que a artista resgata a história de um projeto de circulação subterrânea para a cidade de São Paulo, de 1973, engavetado e enterrado de vez apenas um ano depois de sair do papel.

img1.jpg
Sonia:
"A Paulista não pode ser arborizada porque é toda oca"

Sonia encontrou a avenida subterrânea quando pesquisava aquíferos para seus projetos de videoinstalações. A partir dessa descoberta, há um ano e meio atrás, iniciou uma pesquisa que resultou num documentário sobre o “subsolo social” brasileiro, com o objetivo de trazer à luz histórias ocultas. O primeiro dos grandes casos desenterrados é o projeto fracassado de autoria do ex-prefeito Figueiredo Ferraz, destituído do cargo pelo regime militar. Segundo o documentário, o projeto da av. paulista, encomendado ao arquiteto Nadir Cury Mezerani, fazia parte de um amplo plano de circulação urbana. Para Mezerani, entrevistado pelo documentário, a avenida subterrânea saía da av. Rebouças e ia até a 23 de Maio, tendo ainda o metrô incluso.

img.jpg
SUBSOLO SOCIAL
Em cena do documentário, artista e equipe descem às galerias subterrênas da Paulista

A av. Paulista passaria a ter circulação local e um boulevard para pedestres.
Na esteira desse espaço público soterrado, Sonia mapeou diversas histórias que foram escondidas, do regime militar até hoje. Uma delas é a formação do Ibama, criado como uma estratégia política para que o Brasil recuperasse relações internacionais e limpar a barra nas questões ligadas ao meio ambiente. Urbanistas, jornalistas e políticos participam do documentário, com previsão de lançamento no primeiro semestre de 2012.