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Apesar da valorização do real nos últimos anos, o preço dos produtos de luxo no Brasil, em comparação ao que é praticado no exterior, está em um patamar ainda considerado elevado. Mesmo assim, o mercado de luxo brasileiro segue em contínua expansão e, por isso, se coloca entre os mais promissores do mundo.

De acordo com o estudo “O mercado de Luxo no Brasil – ano V”, uma parceira entre a MCF Consultoria & Conhecimento e GfK Brasil em 2010, este segmento teve crescimento de 28% com relação ao ano anterior. Para este ano, mesmo com tantas oscilações do mercado cambial, a expectativa de crescimento do setor é e 23%.

Carlos Ferreirinha, Presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, afirma que, além da influência da taxa cambial, os tributos aplicados em cascata no Brasil, tornam os preços invariavelmente mais altos no país. “Prova disso é que marcas que são consideradas massificadas em outros países, aqui são percebidas como premium”, comenta.

Isso significa que, por exemplo, que uma mesma bolsa Louis Vuitton tem preços diferentes em Nova York e no Brasil, ou seja, aqui o consumidor vai pagar mais caro pelo objeto. E a diferença não existe quando estamos falando apenas de bolsas. Um casaco tipo trench coat (vestuário típico de dias de chuva, que protege do frio e da umidade, feito em couro, algodão ou gabardine, com tamanho na altura do joelho) vendido fora do Brasil custa, aproximadamente, US$ 1.395, enquanto que, no país, o valor sobe para R$ 3.995 (ou cerca de US$ 2.149,00).

Um costume (casaco em tweed forrado com fechamento frontal em colchetes e aplicação de botões decorativos) no exterior custa US$ 750 e, no Brasil, R$ 1.700 (ou cerca de US$ 915,00). Aos apaixonados por carro, um Porsche Carrera lá fora custa US$ 71 mil e, quando estamos no Brasil, o valor sobe para incríveis R$ 480 mil (cerca de US$ 260 mil). “É interessante notar que produtos que podem ser trazidos em viagens internacionais contam com diferenças menores dos itens que não podem”, ressalta Ferreirinha.

Futuro

As previsões para os próximos anos são tão boas que, segundo o presidente da MCF, é possível antecipar que o crescimento nos próximos cinco anos se mantenha em um patamar próximo a 20% ao ano. Parte dos bons resultados, inclusive, vem do fato de que o mercado brasileiro é visto com bons olhos e há por aqui o desejo por marcas internacionais.

Para Ferreirinha, as regiões mais tradicionais e que concentram a maior movimentação deste mercado no Brasil são as do Rio de Janeiro e, em especial, São Paulo. Mesmo assim, há espaço para crescer em outros locais do Brasil. “Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Curitiba despontam como áreas promissoras para as empresas atuantes no setor”, aposta.

Fernanda Pelegrini, idealizadora do TheLuxNet, um outlet on-line de luxo, conta que a estabilidade econômica – controle da inflação e fortalecimento do real – atrai investidores e estimula o consumo interno no país. Para ela, os próximos anos prometem bons resultados. “Isso tudo, somando o crescente acesso ao crédito, faz com que o comportamento do consumidor brasileiro mude e para melhor. Espera-se aqui um crescimento até três vezes mais rápido do que o país que é seu principal competidor emergente, a Índia”, conta.

Fernanda explica que, apesar da visão positiva dos investidores estrangeiros sobre o mercado nacional de luxo, dificuldade de encontrar mão de obra qualificada e a carga tributária elevadíssima são um dos empecilhos mais citados como “desencorajadores” de investimento no país.

Marcas luxuosas

Quando se fala em mercado de luxo, há muitas marcas que vêm à cabeça dos consumidores – especialmente aquelas cujos produtos ultrapassam a casa dos quatro dígitos. No Brasil, de acordo com o estudo da consultoria MCF, as marcas mais lembradas são Louis Vitton, Hermès e Giorgio Armani. “As mais lembradas são aquelas que têm longa história, são fortes e têm produtos que são claramente relacionados ao consumo aspiracional”, conta.

Não há um valor mínimo de compra para qualificar um consumidor de luxo, pois, como explica Ferreirinha, este mercado está cada vez mais acessível aos mais variados estratos sociais. Além disso, as marcas realizam fortes investimentos para ampliar cada vez mais sua base de consumidores.

Fernanda explica que o ticket médio do brasileiro diminuiu com relação aos últimos dois anos, mas, considerando o cenário econômico global, este era um movimento já esperado. Para ela, a crise deu uma diminuída na média de consumo de produtos de luxo, mas nada exacerbado, visto que o Brasil foi um dos países que menos sentiu a instabilidade econômica. “De acordo com dados da Atualluxo, tirando os extremos daquele consumidor que compra barcos de 15 milhões, o valor médio gasto nesse setor gira em torno de R$ 4.700 – o equivalente a US$ 2.550”, explica.