Depois de muita discussão, o governo português finalmente aprovou a reforma ortográfica da língua portuguesa, na quinta- feira 6, em decisão tomada pelo Conselho de Ministros de Portugal. O acordo prevê a padronização da escrita nos oito países do mundo em que o português é o idioma oficial, mas ainda precisa ser submetido e ratificado pelo Poder Legislativo de Portugal. O documento confere um prazo de até seis anos para que a reforma seja totalmente implantada. No Brasil, ela estava prevista para entrar em vigor em janeiro deste ano. Falta apenas a assinatura de um decreto presidencial regulamentando as mudanças em território nacional – processo que deve ser acelerado com a adesão dos portugueses.

A resistência de Portugal em aprovar formalmente as mudanças era o principal entrave para que a reforma ortográfica, que teve suas bases firmadas em 1990, fosse efetivada. Uma das justificativas para a demora era a pressão dos editores de livros do país, que temem perder o mercado editorial africano para os brasileiros. Além do Brasil, que ratificou o acordo em 2004, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já haviam se comprometido com as novas normas. Ainda falta a adesão dos governos de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e Timor Leste. Mas a decisão favorável de brasileiros e portugueses deve fazer com que os demais também assinem o acordo.

O português é uma das seis línguas mais faladas no mundo (mais de 200 milhões de pessoas vivem nos oito países onde ele é o idioma oficial). As mudanças afetam apenas a grafia das palavras, permanecendo inalteradas as pronúncias típicas de cada país. A Novíssima gramática ilustrada, organizada pelo professor da Universidade de São Paulo Luiz Antonio Sacconi e que ISTOÉ vem oferecendo há um mês em fascículos a seus leitores, é a primeira gramática lançada no Brasil em total conformidade com a reforma ortográfica.