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OPORTUNISTA
Jude Law se protege do vírus: blogueiro que lucra com a doença

Uma tela preta e o som de uma tosse que invade a sala de cinema – assim se inicia “Contágio” (em cartaz na sexta-feira 28), o thriller científico estrelado por Matt Damon, Jude Law e Gwyneth Paltrow, juntos pela primeira vez desde “O Talentoso Ripley”. Durante as duas horas de suspense, esse som vai se sobrepor aos diálogos do filme, misturado a uma trilha tecno que imprime rítmo à sua montagem rápida: tosse. Trata-se do primeiro sintoma de uma nova enfermidade que está se alastrando pelo planeta na velocidade dos aviões que cruzam os oceanos. Depois vem a febre, as convulsões e uma fulminante encefalite. Quem aparece com os primeiros sintomas da infecção pelo novo vírus, mais tarde nomeado MEV-1, é a empresária vivida por Gwyneth. Ela havia estado em Hong Kong a negócios, apertou a mão de muitos executivos, tocou em fichas de um cassino, entregou seu cartão de crédito a um sem-número de pessoas. Pensa que o mal-estar é mero jet leg. Chega em casa em Mineapollis, abraça o filho. Em dois dias está morta – e também o garoto. Ao mesmo tempo, um rapaz febril é atropelado na China, uma modelo cai num banheiro em Londres, um executivo sente calafrios no Japão. A Organização Mundial de Saúde não tem dúvidas: na progressão geométrica em que o vírus começa a se alastrar, se está diante de uma pandemia. Beth Emhoff, a personagem de Gwyneth, não sabia disso: ela é a paciente zero da nova doença que vai provocar o caos total.

O diretor Steven Soderbergh se inspirou, obviamente, na recente epidemia do vírus H1N1 para criar a trama de “Contágio” e, para não soar leviano ao tratar de um tema de poder viral, tentou ser o mais científico possível. Afora o núcleo familiar dos Emhoff, cujo patriarca é o bom moço Matt Damon, a maioria dos personagens são profissionais da área de saúde – não médicos de plantão, mas aqueles que lidam com o poder da medicina e da ciência. Está lá o diretor do CDC (Center of Disease Control), o órgão americano que cuida do mapeamento de moléstias, interpretado por Laurence Fishburne; a médica-chefe do serviço de inteligência epidêmica, papel de Kate Winslet; a pesquisadora da vacina, vivida por Jennifer Ehle; e finalmente, a epidemiologista da Organização Mundial de Saúde, defendida por Marion Cottilard. Esse batalhão branco une forças para rastrear o vírus, identificá-lo e, o mais importante, criar uma vacina que o neutralize. A corrida contra o tempo, acompanhada dia a dia, é de tirar o fôlego. Mesmo porque é orquestrada por quem entende do gênero docudrama. Soderbergh, que opera a própria câmera, usou a mais avançada tecnologia digital e isso o permitiu filmar em ambientes naturais sem o auxílio de luzes suplementares. Nesse quesito, o filme é um espetáculo.

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CAOS
Matt Damon e a população em desespero: cada um por si enquanto não chega a vacina

Do lado científico, o cineasta contou com todo o apoio dos cientistas do CDC, que inclusive abriu suas portas para as filmagens. A cena passada no reconstruído laboratório de biossegurança (BLS-4), por exemplo, é de um realismo impressionante ao mostrar os personagens “envelopados” em roupas de proteção, munidos de oxigênio pressurizado. Mesmo detalhes ínfimos foram respeitados. A sequência em que a médica testa a vacina em sua perna teve que ser refilmada pelo fato de a atriz estar usando meia-calça – para um dos consultores do filme Ian Lipkin, diretor do Centro de Infecção e Imunidade da Universidade de Colúmbia, isso seria inconcebível.

Em um artigo especial para a revista “The Atlantic”, o diretor do CDC, Thomas R. Frieden, aprovou o resultado e afirmou que o filme é “o retrato justo e acurado de como profissionais de saúde pública respondem ao aparecimento de uma epidemia”. Mas se esquivou de fazer apreciações ao blogueiro interpretado por Jude Law, um jornalista inescrupuloso que aposta na teoria de conspiração e na aliança entre a saúde pública e os grandes laboratórios. Frieden concorda também com a velocidade com que o vírus se propaga e acrescenta que, todo ano, pelo menos uma nova enfermidade é identificada. Foram informações como essa que permitiram aos atores dizer frases assombrosas como essa saída da boca da médica vivida por Kate Winslet: “A cada minuto, uma pessoa toca o seu rosto até cinco vezes e, ao fim do dia, cerca de cinco mil vezes.” É por causa dessa “síndrome das mãos inquietas” que micróbios passam de uma pessoa para outra. “Esse filme pode fazer pelos botões de elevadores e pelas maçanetas o que ‘Tubarão’ fez pelas pessoas na praia”, afirmou Soderbergh. Ele tem razão: dá para imaginar a espera nas pias dos banheiros ao final da sessão.  

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