Cantando na chuva – edição especial de 50 anos (Warner Home Video) – Estrelado por Gene Kelly – que divide a direção com Stanley Donen –, Donald O’Connor e as então estreantes Debbie Reynolds e Cyd Charisse, o clássico de 1952 ressurge inteiramente remasterizado e com som dolby digital. Mesmo sem receber nenhum Oscar, Cantando na chuva tornou-se o maior musical já produzido. Também figura entre os dez melhores filmes de todos os tempos. Então, por si só, o lançamento em DVD seria motivo de júbilo. Um segundo CD, porém, acrescenta importância à edição especial. Traz o making of da fita e um documentário sobre Arthur Freed _ letrista parceiro do músico Nacio Herb Brown _, que chegou a Hollywood em 1928 carregando a missão de realizar o primeiro filme musical da Metro. Vinte anos mais tarde, o mesmo Freed, já como o mais poderoso produtor do estúdio, pediu à sua equipe que criasse uma história a partir de canções de sua autoria e de Brown, tiradas de outros filmes. A principal delas seria Singin’ in the rain, do musical Hollywood revue, de 1929. O resto é história, agora ao alcance do controle remoto. (Luiz Chaves)


Finisterre, com Saint Etienne (Sum Records) – Mesmo depois de 15 anos de carreira e seis discos lançados – descontadas as inúmeras compilações de singles e remixes feitas para colecionadores –, o trio inglês Saint Etienne continua injustamente pouco conhecido no Brasil. Finisterre é o segundo CD da banda lançado no País – em 2001 saiu aqui o excelente Sound of water. O novo trabalho traz todas as qualidades dos anteriores. Especialista em canções simples e bem acabadas, o Saint Etienne usa e abusa dos recursos eletrônicos sem nunca cair na frieza do gênero. Aliás, tarefa impossível para a loira nada gelada Sarah Cracknell, que encanta com sua voz doce, estilo anos 60. Nas 12 faixas, o trio explora a batida sincopada do electro, alinhava calmas texturas instrumentais e envereda até pelo rap. (Iva Claudio)

Downtown 81 (em cartaz em São Paulo na sexta-feira 7) – Passado na região dos lofts nova-iorquinos, o documentário de Edo Bertoglio acompanha um dia na vida de um músico, grafiteiro e aspirante a pintor, que precisa vender um quadro para pagar o aluguel do quarto onde vive. Fosse um artista multimídia qualquer, a fita já teria interesse histórico ao enveredar por porões e clubes noturnos, revelando o momento de efervescência da new wave e do hip hop. Mas o cicerone é ninguém menos que Jean-Michel Basquiat (1960-1988), retratado antes de virar uma celebridade das artes plásticas. (Ivan Claudio)

Plasticjesus, de Poppy Z. Brite (Conrad, 96 págs., R$ 24) – Imagine se John Lennon se casasse com Paul McCartney em vez de Yoko Ono. E se os Beatles, ao lado da música indiana, das drogas e do antiautoritarismo, tivessem como bandeira o movimento gay? Pois este é o tema central da noveleta escrita pela autora americana. A reinventora do estilo neogótico, no entanto, evitou a vulgaridade e o mau gosto. Com uma trama bem construída, ao mesmo tempo que fala de relacionamentos, Poppy também cria um enredo de suspense que desemboca num final inusitado. (Luiz Chaves )