Assista ao vídeo com trechos do histórico discurso de Steve Jobs para estudantes da Universidade de Stanford, em 2005. O visionário cofundador da Apple dá uma aula de vida:

Parte 1

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Parte 2

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ÍCONE
Montagem sobre foto de 2009, uma das muitas imagens
de Jobs a ilustrar a capa da revista americana “Fortune”

"Há sempre uma forma de fazer algo melhor – descubra-a." A frase, atribuída a Thomas Alva Edison (1847-1931), um dos maiores inventores e empreen­dedores de todos os tempos, revela muito sobre a conduta de um seleto grupo de seres humanos. Movidos pelo combustível da inovação, eles entraram para a história graças ao seu dom de literalmente transformar o modo como vivemos com suas ideias. No final da quarta-feira 5, o mundo perdeu um desses raros indivíduos. Rapidamente, o anúncio da morte de Steve Jobs – criador da Apple e responsável por uma verdadeira revolução comportamental – espalhou uma incômoda sensação de desamparo por todos os cantos da sociedade digital contemporânea. O timoneiro de nossa nau, feita de chips e bytes, não está mais entre nós.

Ao fundar a Apple e forjar uma sucessão de pequenos milagres tecnológicos, ditando tendências e produzindo máquinas que ajudaram a reinventar indústrias como a do entretenimento e a da comunicação, Jobs fez por merecer toda sorte de comparação com figuras míticas. Há quem simplesmente o chame de Deus – ou iGod. Outros, talvez mais românticos, enxergam traços de Leonardo da Vinci em sua genialidade. Já aqueles com os pés mais fincados no chão traçam paralelos entre a sua trajetória e as de Henry Ford e do próprio Thomas Edison, já citado neste texto. Na verdade, a questão se torna menor diante da singularidade do americano Steven Paul Jobs. Seu legado é incomparável.

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CUMPLICIDADE
Jobs e sua mulher, Laurene Powell, depois da
última aparição pública do empresário, em junho

O mundo se comoveu diante da notícia da sua morte, já esperada depois de anos de batalha contra o câncer e do afastamento do trabalho, anunciado no fim de agosto. Mensagens de condolências e agradecimentos públicos não paravam de emergir, até mesmo do Vaticano. “O mundo perdeu um dos mais inventivos, criativos e geniais empreendedores de nossa era”, afirmou o primeiro-ministro inglês, David Cameron. Já o francês Nicolas Sarkozy enalteceu o pioneirismo do empresário. “Seu talento para revolucionar setores inteiros da economia com o poder da imaginação e da tecnologia inspira milhões pelo mundo”, disse o presidente francês.

Os principais nomes do universo digital – concorrentes e desafetos de Jobs inclusive – lamentaram a perda em tom solene. Bill Gates, que fez o papel de concorrente e parceiro ao longo das quatro últimas décadas, falou de sua experiência pessoal. “Quem teve a sorte de trabalhar com ele sabe que foi uma honra”, afirmou o criador da Microsoft. Já a nova geração, que tinha o dono da Apple como referencial absoluto, acusou um pouco mais o golpe. “Steve, obrigado por ter sido meu mentor e amigo. Obrigado por me mostrar que aquilo que construímos pode mudar o mundo. Sentirei sua falta”, resumiu Mark Zuckerberg, o jovem gênio por trás do fenômeno Facebook.

Por sua vez, celebridades, anônimos e applemaníacos reuniram-se em uma espécie de velório virtual nas redes sociais. Apenas o Twitter registrou o absurdo número de 10.000 posts por segundo. Entre as hashtags – palavras-chave sobre os temas mais citados no momento –, termos como #iSad e #iHeaven se destacavam. As homenagens também invadiram o mundo real. Em diversas cidades dos Estados Unidos e da Europa, fãs da marca e de seu criador acenderam velas, carregaram maçãs e deixaram ramalhetes de flores às portas de Apple Stores. Cada um deles representava o seguidor quase religioso idealizado por Jobs, que costumava dizer que “não é tarefa do consumidor saber o que quer comprar”.

Apenas cinco semanas depois de sua aposentadoria, aos 56 anos, Jobs voltou a ser o principal personagem do noticiário – ironicamente ocupado pelo lançamento do iPhone 4S no dia anterior (leia quadro) à sua morte. Como o presidente americano, Barack Obama, fez questão de lembrar, milhões de pessoas usaram iPads, iPods e Macs para saber mais sobre a vida privada do inventor, suas realizações e suas idiossincrasias. “Ele conseguiu algo raro na história da humanidade. Steve mudou a forma como cada um de nós enxerga o mundo”, disse Obama.

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INTIMIDADE
A internet foi inundada por relatos e histórias suspeitas sobre
a vida íntima do sempre reservado Jobs, nesta foto, em 1985


A curiosidade despertada pela trajetória do empresário inundou a internet de relatos de todo tipo. Brotaram histórias de conteúdo um tanto suspeito e até mesmo fotos guardadas durante anos por um ex-funcionário da Apple, que mostravam o patrão se divertindo com mais uma de suas invenções. No meio da avalanche de informações, destaca-se o depoimento de Walter Mossberg, um dos mais importantes jornalistas de tecnologia dos Estados Unidos e principal colunista especializado do “Wall Street Journal”.

Organizador do tradicional evento D:All Things Digital, que reúne os maiores líderes do mundo da tecnologia todos os anos, Moss­berg se tornou amigo e confidente de Jobs naturalmente. Em seu blog, o jornalista contou detalhes da relação com o dono da Apple. “Quando Steve voltou à empresa, em 1997, começou a ligar para a minha casa nos domingos à noite. Percebi que ele estava tentando me bajular, mas acabamos nos entendendo. Minha mulher não gostava daquelas maratonas de 90 minutos ao telefone, mas é claro que eu adorava”, diz o colunista.

Meses depois, Jobs passou a apresentar os lançamentos da Apple em primeira mão para Mossberg, em encontros na sede da empresa. O ritual se repetiu até a chegada do primeiro iPad, quando o inventor, já muito debilitado pelo câncer, recebeu o amigo em sua casa, em Palo Alto (Califórnia). “Na última vez em que o vi, Steve me convidou para uma caminhada. Ele já tinha feito o transplante de fígado e estava muito mal. Demos alguns passos, ele parou e fez uma cara de dor. Implorei para voltarmos e disse que não queria ver a manchete ‘repórter deixa Steve Jobs morrer na calçada’ no dia seguinte”, lembra o jornalista. “Ele riu, sentamos em um banco, conversamos um pouco e retornamos para dentro de casa.” Jobs sabia que sua missão já estava cumprida.

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TRIBUTO
Dono de iPad ergue o tablet em frente à loja da Apple em Tóquio, no Japão, na quarta-feira 5

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