Modernismos no Brasil

Modernismos no Brasil/ Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), Ibirapuera, SP/ até 29/1/2012

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ALEGORIA
Tela de De Chirico, destaque entre Picasso, Matisse e Kandinsky

"Conceito Espacial", a impactante tela perfurada por Lucio Fontana em 1965, é uma das primeiras imagens com que o visitante se depara ao entrar no MAC USP Ibirapuera. Cercam a obra de Fontana outras com a mesma carga de experimentalismo: entre as quais, um plano em superfícies moduladas de Lygia Clark e uma escultura móbile de Alexander Calder. “Na entrada, estão as obras cronologicamente mais tardias e também as mais radicais da coleção do MAC. Obras que, juntas, anunciam que esse é um museu de arte contemporânea que está revendo sua coleção de arte moderna”, afirma o curador Tadeu Chiarelli para um grupo de estudantes do primeiro ano de artes visuais da Escola de Comunicação e Artes da USP, em visita à montagem da exposição. Com “Modernismos no Brasil”, Chiarelli – que é professor da ECA-USP e diretor do MAC-USP – coloca em prática a vocação universitária do museu. Em cartaz desde a sexta-feira 7, a mostra está prevista como a última montagem do acervo antes da inauguração da nova sede, no Detran, prevista para março de 2012.

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RUPTURA
Tela de Lucio Fontana, que demarca o início da arte contemporânea

Segundo o curador, o propósito é apresentar o modernismo brasileiro de maneira problematizadora. Ou seja, romper com a cronologia estabelecida pela história da arte e demonstrar que a arte brasileira esteve sempre em diálogo franco com a arte internacional. Para isso, ele selecionou 150 obras e organizou-as em cinco grupos. Heterogêneos, eles promovem encontros bastante improváveis – porém contundentes – entre gêneros, linguagens e movimentos artísticos. No segmento “Arte como suspensão do real aparente”, por exemplo, aproximam-se trabalhos que têm em comum a dimensão alegórica. Ali encontram-se duas das obras mais valiosas da coleção: “A Negra” (1923), de Tarsila do Amaral, e “O Enigma de um Dia” (1914), de Giorgio De Chirico, em que, segundo Chiarelli, a dimensão simbólica da arte encontra seu ápice dentro da coleção do MAC. “O título ‘A Negra’ tem uma dimensão descritiva, mas essa obra de Tarsila é uma alegoria da terra, da população brasileira”, diz o professor. No centro das cinco salas, que são desenhadas na bela forma de uma estrela, está situada a escultura “A Soma de Nossos Dias” (1955), de Maria Martins, que funciona como farol ou alegoria do pensamento curatorial:
o desafio de mostrar um modernismo sem mol­duras e sem linearidade. 

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ÍCONE
Escultura de Maria Martins faz a ponte entre segmentos da mostra


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