“Quem pensa pouco erra muito.” A frase é de Leonardo Da Vinci, um dos maiores gênios que o mundo já conheceu nos mais diversos campos do conhecimento. E retrata à perfeição o combustível que move esta reportagem. A ciência já alcançou feitos revolucionários ao longo da história. Há 100 anos, a ideia de navegarmos pelo espaço e chegarmos à Lua não passava de ficção – como é hoje a proposta de termos, quem sabe em um futuro próximo, gente vivendo na superfície do satélite terrestre.

Mais um exemplo: a nanotecnologia enche milhões de enfermos de esperança ao criar robôs menores que a ponta de um fio de cabelo, capazes de realizar viagens pelo interior do corpo humano em busca de todo tipo de cura. Mas, apesar de toda essa evolução tecnológica, ainda há questões – e não são poucas – para as quais os cientistas permanecem sem respostas. A seguir, você conhecerá 11 delas. Para analisar esses mistérios, ISTOÉ conversou com especialistas de várias áreas, levantou hipóteses, derrubou mitos e abriu espaço para opiniões diversas.

O debate está aberto e envolve desde aspectos quase metafísicos – um deles: a alma existe? – até temas totalmente cotidianos, como a capacidade de raciocínio dos animais. Se o leitor não sabe o que fazer diante de tantas interrogações, não se sinta só. Lembre-se de que nada nos impede, com a preciosa ajuda da ciência, de tentar encontrar as respostas. Nada nos impede, como dizia Da Vinci, de pensar a respeito. E pensar muito.

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1. Como surgiu o Universo?

Como poderíamos responder à pergunta acima? Se concordarmos com os cientistas, diríamos que o cosmos foi criado a partir de uma grande explosão, que deu origem a tudo. É isso que diz a teoria do Big Bang, que afirma que o Universo nasceu há cerca de 13 bilhões de anos, a partir da expansão – geralmente chamada de “explosão” – de um corpo de densidade e temperatura incalculáveis. Pois saiba que essa história não é uma certeza absoluta – e por isso mesmo é chamada de teoria. Apesar de ser a ideia mais aceita pela ciência, o Big Bang nunca foi comprovado e talvez nunca seja. E é exatamente nesse ponto que se firmam os alicerces dos que acreditam que o mundo foi criado por uma entidade suprema, conceito-base de praticamente todas as religiões.

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E se a teoria da criação divina não tem comprovação científica, a do Big Bang baseia-se em evidências e fenômenos observados hoje no cosmos, prováveis resquícios da explosão original – e que os cientistas do Centro Europeu de Física Nuclear (Cern), laboratório que abriga o mais potente acelerador de partículas do mundo, estão tentando recriar com seus experimentos.

Não é de hoje que o Big Bang leva pancadas dos especialistas. Na década de 1950, a teoria chegou a ser ameaçada pelo modelo do estado estacionário, que dizia que o Universo teria sido o mesmo em todos os lugares e em todos os instantes, derrubando, assim, a idéia de que tudo teria surgido ao mesmo tempo.

Outro questionamento surge quando se pensa naquilo que poderia existir antes do Big Bang. Na opinião do astrofísico Marcelo Gleiser, autor do livro “A Dança do Universo”, a resposta é simples: nada. “Não existia um ‘antes’. Esse tipo de pergunta nasce do preconceito comum de querer encontrar um evento anterior a tudo. O tempo simplesmente não existia. Ele surgiu com a criação”, diz Gleiser. “A verdade é que, no que se refere à descrição dos fenômenos do início do Universo, ainda não há uma teoria que possa ser dada como certa e definitiva”, afirma José Ademir Sales de Lima, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.

Parte 2


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