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Um povoado no interior do menor país africano, a Tunísia, e um jovem vendedor de frutas chamado Mohammed Bouazizi. Após ter seu carrinho violentamente confiscado por policiais, no dia 17 de dezembro de 2010, ele ateou fogo no próprio corpo. As revoltas que se espalharam pelo mundo árabe desde então remontam a esse momento tão cruamente humano de superação de todo medo – até do medo de morrer. Apesar da diversidade de gente e de governos, é disso que trata o movimento que se vê do Marrocos ao Irã e entra para a história como a Primavera Árabe. Desde março (capa), as reportagens de ISTOÉ abordam a luta dos povos pela democracia como valor universal e a cobertura jornalística se aprofunda sobre acontecimentos que atingem, sobretudo, Argélia, Líbia, Egito (foto), Iêmen, Bahrein, Síria e Jordânia, e estima-se que tenham deixado dezenas de milhares de mortos.

As redes sociais deram apoio logístico fundamental, mas não foram a causa nem mesmo o instrumento das manifestações. Para os cerca de 180 milhões de jovens que vivem no mundo árabe, os reais motivos para se rebelarem contra governantes ditatoriais foram a mais legítima vontade de democracia e de direitos sociais. Resta saber se o sonho foi alcançado: Tunísia e Egito depuseram e julgaram seus antigos governantes, mas ainda enfrentam o dilema de como reconstruir o Estado. Na Síria, na Líbia, no Iêmen e no Bahrein, no entanto, não se vislumbra o fim da violência. Como afirma Amal Sharaf, ativista egípcia, esse não é o final, mas apenas o começo. Um amplo começo que passa pelo histórico 23 de agosto de 2011, quando tropas rebeldes invadiram a residência do ditador líbio Muamar Kadafi.
E todo o começo é sempre promissor.

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