img.jpg 

Nem a terra prometida nem o idealismo utópico. “Um outro lugar” é uma exposição, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, concebida para desmontar antigos mitos e apresentar um panorama múltiplo das utopias contemporâneas. Expostos entre 40 obras de 18 artistas, os três trabalhos de Marilá Dardot traduzem bem a noção da criação artística como abertura para outros espaços e temporalidades, criando alternativas ao aqui e agora. “Viagem”, “Terrorismo” e “Cartografia” são obras viajantes que estabelecem um eixo de conexão entre “Um outro lugar” e “Introdução ao Terceiro Mundo”, individual de Marilá Dardot, na Galeria Vermelho, que entra em sua última semana de exibição.

De acordo com a estratégia de comunicação costurada por Marilá Dardot entre as duas exposições, os três trabalhos presentes no MAM teriam sido retirados do “pequeno museu de pistas desencontradas sobre o Terceiro Mundo”, que compõe a mostra na Galeria Vermelho. Sutilmente demarcadas por linhas pontilhadas no espaço expositivo, essas obras ausentes apontam para o real assunto da individual de Marilá: a inexistência – de realidade ou de autenticidade – daquilo que a economia convencionou chamar de “Terceiro Mundo”.

img1.jpg

A proximidade com as letras e a literatura faz de Marilá Dardot uma artista ficcionista. Depois de infinitas variações sobre o tema, como em “Atlas” (2003), “A biblioteca de Babel” (2005), “Avant et après la lettre” (2011), etc., a atual exposição dá segmento à sua investigação sobre escrituras utópicas e realidades intangíveis. A inserção de um verbete imaginário sobre o “Terceiro Mundo” na Enciclopédia Universo (“arquipélago situado a leste-sudeste da Nova Atlântida, composto de oito ilhas de dimensões variáveis e população flutuante”) dá início à viagem.