Diretor do controverso Festa de família, de 1998, o dinamarquês Thomas Vinterberg, um dos fundadores do movimento Dogma, renegou nessa distopia, feita nos Estados Unidos ao custo de US$ 18 milhões, a ode à pobreza material no cinema defendida pelos seus companheiros. O título oportunista – no original, It’s all about love, algo como "tudo se refere ao amor" – esconde um thriller tênue. Ao chegar
em Nova York para que a esposa, Elena (Claire Danes), assine os
papéis de divórcio, o empresário polonês John (Joaquin Phoenix)
descobre que a mulher, campeã mundial de patinação no gelo, está sendo manipulada por uma misteriosa corporação interessada em substituí-la por clones. Corre o ano de 2021, as ruas das metrópoles ocidentais estão coalhadas de cardíacos e em Uganda a população
corre o risco de voar devido à repentina e inexplicável ausência de gravidade. Como se não bastasse, o irmão de John, vivido por Sean Penn, passa o filme telefonando para ele a bordo de aviões fustigados por incessantes tempestades de neve. Ao que parece, a fortuna oferecida por Hollywood não clareou muito as idéias de Vinterberg, que se mostra perdido entre o lirismo e o incompreensível num filme que impressiona pela grandiosidade.