Muito bem-vinda a estréia em CD do paulista Hilton Raw, conhecido pelo trabalho em trilhas de filmes, instalações, comerciais e vinhetas
de tevê. Afinado com as experimentações sonoras, Raw esbanja inventividade nas 15 faixas do disco, que promovem um ótimo
casamento de sonoridades acústicas e eletrônicas com letras de poesia direta e econômica. Rejeitando as cartilhas da modernidade em voga, o paulista surpreende a cada faixa, como em Tempo, que começa com uma batida de house music e logo ganha ares jazzísticos, créditos para o trompete sempre elegante de Márcio Montarroyos. Na serena Síndrome de abstinência, seu canto quase falado, acompanhado apenas de violão e ruídos digitais rima “sem nexo” com “lexotan” em versos de ótima dicção urbana. E, para afastar qualquer aproximação com a onda lounge, Raw tira um sarro do modismo em Sala de espera, um musak atonal e nada suave.