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PODER
Pedro Côrrea agora tenta emplacar o presidente do Denatram

Na alça de mira da presidente Dilma Rousseff desde a eclosão da crise política, o PP fez de tudo nos últimos dias para passar ao largo dos escândalos na Esplanada dos Ministérios. O esforço foi em vão. Na quarta-feira 3, o Congresso aprovou o convite para que o ministro das Cidades, Mário Negromonte, esclareça as denúncias de favorecimento a empresas doadoras de campanha, publicadas na última edição de ISTOÉ. Indicado para as Cidades pelo PP, Negromonte terá de explicar, por exemplo, por que o secretário nacional de Saneamento do ministério, Leodegar Tiscoski, cumpriu jornada dupla no ano eleitoral. Ao mesmo tempo que administrava obras de saneamento em todo o País, ele operava como tesoureiro nacional do partido. Era Tiscoski quem arrecadava recursos para financiar as campanhas do partido. O depoimento está marcado para a quarta-feira 10 nas comissões de Desenvolvimento Urbano e de Fiscalização e Controle. “Tudo tem que ser investigado. Há problemas não só como o PR, mas com o PCdoB, PMDB, PP. A denúncia envolvendo o PP é grave. A Dilma precisa agir com o governo inteiro como fez com o PR”, disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

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HERANÇA
Aline Corrêa é uma espécie de braço parlamentar do pai,
Pedro, que teve o mandato cassado no escândalo do mensalão

A bancada do PP promete comparecer em peso à audiência na tentativa de blindar o correligionário. O partido tem se empenhado em discutir alternativas para escapar da “faxina” a ser promovida por Dilma. Na quarta-feira 3, a cúpula do PP reu­niu-se até altas horas da madrugada no apartamento do deputado João Pizzolatti (SC), localizado na quadra 311 Sul em Brasília. Além do anfitrião, de Negromonte e do líder da legenda na Câmara, Nelson Meurer (PR), participou do encontro o ex-deputado federal cassado Pedro Corrêa, réu no processo do mensalão acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A presença de Corrêa numa reunião em que foram discutidas estratégias do PP é mais do que sintomática. Conforme apurou ISTOÉ com vários parlamentares do Partido Progressista, o mensaleiro não apenas tem força como continua influenciando decisivamente nos rumos do partido. “Com a entrada de Negromonte no ministério, Corrêa passou a mandar mais, é ele quem está dando as cartas. Com o antecessor Márcio Fortes a coisa era mais discreta”, garantiu à ISTOÉ um parlamentar do PP incomodado com a intensa movimentação de Corrêa. “O mensaleiro é ele, mas o ônus fica para todos nós”, reclama o mesmo deputado.

Sem cargo eletivo desde o escândalo do mensalão, Pedro Corrêa tornou-se um especialista na articulação de bastidor. Embora distante dos holofotes, é ele quem chancela boa parte das indicações do PP para postos estratégicos no governo. Foi necessário o aval de Pedro Corrêa para o próprio secretário Leodegar Tiscoski, envolvido na denúncia de ISTOÉ, assumir o Saneamento. Em troca, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), um dos interessados em emplacar Tiscoski na secretaria, aceitou apadrinhar junto ao Palácio do Planalto o nome de Paulo Roberto Costa para a BR Distribuidora. Agora, Corrêa trabalha pela nomeação do deputado Inaldo Leitão (PP-PB) à presidência do cobiçado Denatran. Oficialmente, no entanto, os padrinhos são o deputado Dudu da Fonte (PP-PE) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI).

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BERLINDA
Após denúncias de ISTOÉ, Negromonte terá que se explicar no Congresso
 

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Quando vai a Brasília, ao menos uma vez por semana, Corrêa se hospeda na casa da filha, deputada Aline Corrêa (PP-SP), vizinha de Pizzolatti e Negromonte no bloco “A” da Superquadra 311 Sul. Aline é uma espécie de braço parlamentar de Corrêa. Ela formula emendas e projetos do interesse do pai. A atuação de Pedro Corrêa tem feito tanto barulho no PP, e ensejado negócios importantes em São Paulo, que passou a incomodar o deputado Paulo Maluf (PP-SP). Em recente reunião da bancada na sede do partido, Maluf e Aline discutiram asperamente e precisaram ser apartados. Já no Palácio do Planalto, conhecedor das atividades de Pedro Corrêa e companhia, a seriedade do PP já está sendo mais do que questionada. Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff escalou a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para cobrar explicações. No governo, faz-se a seguinte avaliação: caso o depoimento de Negromonte no Congresso não traga respostas convincentes, ele poderá ser o próximo ministro a perder o emprego.  

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