chamada.jpg 

A fábrica é assunto de fascinação do cinema desde seus primeiros frames de vida. Os irmãos Lumière começaram a história do cinema filmando a saída de operários de uma fábrica na França, em 1895, e essa imagem se tornaria um ícone, citada e apropriada inúmeras vezes nos séculos 20 e 21. A partir dela, o cineasta alemão Harun Farocki criou a videoinstalação “Workers Leaving the Factory in Eleven Decades” (Trabalhadores deixando a fábrica, em 11 décadas), em 2006. Um ano depois, Farocki continuaria imerso no universo das fábricas ao filmar “Comparison Via a Third” (Comparação via um terço), em que coloca lado a lado imagens de uma olaria tradicional na África e uma fábrica com tecnologia de ponta, na Europa. Esse é um dos trabalhos expostos em “Máquinas”, no Oi Futuro de Belo Horizonte. Com curadoria de Alfons Hug e de Alberto Saraiva, a exposição reúne 15 trabalhos em vídeo, performance e audioinstalação que exploram as fantasias maquínicas que povoam a arte contemporânea.

A ideia que orienta as escolhas da exposição é a de que a máquina como sinônimo de progresso não é uma visão compartilhada pela arte. O artista – seja ele turco, brasileiro, chinês ou canadense –, invariavelmente, expressa um posicionamento crítico em relação ao poder e ao efeito das máquinas na sociedade. A abordagem do tema pode ser mais inventiva – caso do coletivo mineiro “O Grivo”, que na instalação “Quarteto para Gravadores” (foto) confere nobreza ao som produzido pelas engrenagens dos aparelhos – ou problematizante, como no vídeo do taiwanês Chen Chieh-Jen, que denuncia a exploração das operárias em uma fábrica têxtil.