Conheça, em vídeo, um pouco mais sobre a vida do líder mafioso :

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RELÍQUIA
O ítalo-americano Al Capone e seu revólver Colt 38, de 1929, ano do
famoso massacre de São Valentim: leilão na tradicional Christie?s

Você consegue mais com uma palavra gentil e uma arma do que apenas com uma palavra gentil?, dizia Al Capone (1890-1954), o mais famoso gângster da história. Se a arma pertenceu a um criminoso de fama inconteste, o alcance é ainda maior, devem crer os consumidores de leilões de artefatos de criminosos que proliferam nos Estados Unidos. Na quarta-feira 22 a tradicional casa londrina Christie?s leiloou mais de 200 artefatos históricos, entre eles um revólver Colt 38 de Al Capone datado de 1929, ano do massacre do dia de São Valentim, quando sete membros de um grupo rival foram fuzilados por ordem dele, em Chicago.

A peça sanguinária foi arrematada por 67,250 libras (R$ 172 mil), comprovando, mais uma vez, que vender objetos relacionados a criminosos famosos tornou-se um negócio muito rentável.
Que o diga o governo dos Estados Unidos. No início de junho a agência federal US Marshalls arrecadou, em duas semanas, US$ 232,2 mil (R$ 368,8 mil) pela internet ao vender artigos pessoais do terrorista Theodore Kaczynski, mais conhecido como Unabomber.

Entre 1978 e 1995, ele matou três pessoas e feriu outras 23 ao enviar uma série de bombas para universidades e empresas americanas. Não escapou da sanha dos compradores ávidos por artefatos de criminosos. A agência vendeu, inclusive, a máquina de escrever usada para redigir um conhecido panfleto contra a ?sociedade industrial?, publicado pela imprensa americana em 1995. Ela foi adquirida por US$ 22 mil (R$ 34 mil). Além dos leilões oficiais, realizados pelas casas autorizadas, cresce exponencialmente o número de sites especializados em leilões e permutas de objetos de assassinos em série. Em inglês, o ramo já possui nome: ?murderabilia?, ou suvenir
de assassinos em português.

Um dos pioneiros nesse negócio macabro é o americano Eric Gein. Sua fixação pelo tema é tamanha que o sobrenome usado por ele se refere ao psicopata Ed Gein, inspirador do personagem Norman Bates do filme ?Psicose?, dirigido por Alfredo Hitchcok.
Em meados dos anos 1990, ele começou a se corresponder com assassinos espalhados pelas penitenciárias americanas com o objetivo de escrever um livro. ?Naquela época eu não tinha ideia de que haveria um mercado para vários itens que comecei a receber dos presos. Então, comecei a vendê-los?, conta. As ofertas do estoque do site de Gein, Serial Killers Ink, primam pelo ecletismo.

Os mais valorizados são quadros de John Wayne Gacy, o ?Palhaço Assassino?, executado em 1994 pelo homicídio de 29 jovens nos Estados Unidos. Mas esse também é um setor feito de miudezas e pechinchas. Há quem prefira pagar US$ 400 por uma calcinha usada por Christa Gail Pike, condenada à morte nos Estados Unidos pelo assassinato de uma colega. Ao ser presa, ela carregava seu próprio item de murderabilia: um pedaço do crânio da vítima na bolsa.

Os assassinos que doam seus objetos a Gein não lucram com as vendas.
Recebem apenas ajuda referente a material de trabalho e artigos de higiene.
No Brasil, quem cumpre pena pode ganhar dividendos de trabalhos artísticos. ?Um condenado pode receber direito autoral por um livro escrito por ele, por exemplo?, explica o advogado criminalista Ricardo Toledo.

A murderabilia virou alvo de críticas nos Estados Unidos, onde associações de parentes de vítimas de homicidas tentam aprovar leis para impedir essa prática. ?Esse tipo de negócio só serve para manter a fama de celebridade desses assassinos. Para mim, é uma apologia ao
crime?, afirma Oneide Braga de Carvalho, fundadora da Associação de Parentes de Vítimas de Violência do Ceará, que teve a filha caçula assassinada em 1993. ?Isso é apenas um hobby. Eu sei que é um pouco diferente, mas é apenas outro tipo de coleção?, justifica-se William Harder, dono do site Murder Auction (Leilão de Assassinatos).

Segundo a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Leila Cury Tardivo, que pesquisa atos de violência cometidos contra mulheres, crianças e adolescentes, esses artefatos exercem fascínio sobre o que ela chama de ?lado feio da alma? das
pessoas. ?Todo objeto recebe um significado que é atribuído por quem o faz ou o compra. As pessoas acabam se identificando de certa forma, mas isso não quer dizer que queiram cometer crimes.? Só coloca em dúvida o bom gosto desses consumidores.

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