Confira o vídeo que registra o impacto dos tornados que varreram a cidade de Joplin, na região central dos EUA :

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TERRA ARRASADA
A cidade de Joplin teve 8 mil casas destruídas

Nada menos do que 12 Estados americanos sofreram baixas desde o fim de fevereiro, época na qual os primeiros tornados do ano começaram a aparecer. No domingo 22, ventos de até 300 km/h arrasaram a cidade de Joplin, no Missouri, deixando a impressão de que casas, árvores e carros foram simplesmente triturados e lançados em todas as direções. Os esforços agora são para reduzir a lista de pessoas reportadas como desaparecidas, que chega a 232.

Outro episódio dramático ocorreu no dia 27 de abril nas cidades de Hackleburg, Phil Campbell, Tuscaloosa e Birmingham, todas no Alabama. Com isso, o número de mortos chegou a 504 na quinta-feira 26. A tragédia só é superada, e por pouco, pelos eventos ocorridos durante o ano de 1953, quando 519 pessoas perderam suas vidas, a maioria na cidade de Waco, no Texas (leia gráfico).

Os eventos se concentraram no sudeste do país, uma das duas zonas conhecidas como “corredores de tornados”. A outra região, que inclui alguns Estados do norte, costuma ter a própria temporada – embora mais branda – entre os meses de junho e agosto. Portanto, é possível que as baixas ultrapassem as de 58 anos atrás e só fiquem atrás dos eventos de 1925, quando uma série de redemoinhos atingiu os Estados do Missouri, Illinois e Indiana. Apenas um deles matou 695 pessoas. Os tempos, no entanto, eram outros. “Antes dos anos 1920, a probabilidade de ser morto por um desses eventos nos EUA era de uma em quinhentas mil. Hoje, esse número já é de um em cinco milhões”, afirma o meteorologista da Somar Meteorologia, Willians Bini.

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JOPLIN
Na cidade, a lista de mortos ultrapassa a casa dos
120. A de feridos, dos 700

De fato, o incremento da tecnologia antidesastres permitiu que os EUA ficassem quase quatro décadas abaixo da marca de 130 mortes anuais. Em 2010, para se ter uma ideia, 45 pessoas perderam a vida em tragédias desse tipo. Um número animador, se comparado com o cenário atual. O aumento na intensidade dos tornados pode levantar a suspeita de que o aquecimento global seja um dos vilões da história. Mas os especialistas dizem que ainda é cedo para esse tipo de conclusão e que o fenômeno conhecido como La Niña é um dos responsáveis pela tragédia. “É prematuro afirmar que as mudanças climáticas tenham alguma influência. É comum a variação brusca de intensidade de um ano para o outro nesses casos. Provavelmente, as causas reais só poderão ser apontadas daqui a muito tempo”, diz o meteorologista do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Estadual Paulista, Fernando Tavares.

A imprevisibilidade dos tornados não é um empecilho só para os pesquisadores. É também o principal agravante do fenômeno. “Os EUA podem estar na vanguarda da tecnologia, mas não irão conseguir prever quando e onde esses fenômenos vão se formar. Os tornados não são como furacões, que seguem um longo caminho desde o oceano. Eles se formam já em terra e por isso podem aparecer de uma hora para a outra”, compara Bini.

A saída que os americanos encontraram foi pecar pelo excesso. “O que os cientistas fazem é monitorar as áreas propícias a esse fenômeno e assim que vêem uma formação suscetível, emitem um alerta”, explica o pesquisador. “Mas, em média, 75% acabam em falsos alarmes”, completa.

Para a desgraça dos EUA, outro fator pode ter contribuído para elevar o número de óbitos: a crise econômica na qual o país mergulhou nos últimos dois anos. De acordo com o Centro de Previsões de Tempestades dos EUA (SPC, na sigla em inglês), das 210 pessoas mortas por tornados nesse ano que tinham localização conhecida, 119 viviam em trailers. A moradia móvel é uma conhecida alternativa americana a quem teve que deixar a casa por conta das dívidas. Outras 67 vítimas estavam em suas casas ao morrerem e quase 300 nem sequer tinham paradeiro conhecido. Mais uma amostra do poder devastador desses gigantes de vento e prova de que, por mais poderosa que seja, nenhuma nação está livre da fúria da natureza. 

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