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Pertence ao senso comum entender o muro como espaço de separação entre o privado e o público. Mas é também de conhecimento universal que o muro se tornou um lugar de comunicação. Ele sustenta cartazes, pichações e stencils de artistas anônimos, dando voz àqueles que dificilmente são ouvidos. Considerando essas possibilidades, o artista plástico mineiro Bruno Vilela concebeu o projeto “Muros: Territórios Compartilhados”, que convoca artistas de todo o Brasil a realizar intervenções artísticas em muros da cidade de Belo Horizonte. O resultado pode ser visto ao longo do mês de maio em diversas áreas da capital mineira.

“Essa superfície já era um espaço de diálogo para pichações e grafites, mas eu queria que outras linguagens fossem desenvolvidas ali. Daí a ideia de fazer uma seleção pública para escolher propostas que estivessem dentro da linguagem da arte contemporânea”, explica Vilela. Foram selecionados sete projetos de artistas que escolheram realizar seus trabalhos adequando-se ao contexto do local escolhido. Exemplo é “Ascensão Social”, da paulista Sara Lambranho. Ela optou pelo bairro Instituto Agronômico, na zona leste da cidade, onde uma avenida havia sido construída recentemente. “Nessa área fizeram uma avenida nova e depois disso os moradores começaram a colocar cercas elétricas e a subir muros”, comenta ela.

A intervenção de Sara foi realizada ao longo de cinco dias em uma casa selecionada especialmente pelo fato de ainda não ter sido erguido um muro muito alto. Em acordo com a moradora, a artista obteve autorização para acrescentar mais seis metros ao muro de dois metros já existente (foto).

“Apesar do aumento do movimento no bairro, não houve nenhum caso de violência registrado, mas tem-se a sensação de que algo pode acontecer.

O muro alto é uma metáfora para a situação, quando na verdade esse tipo de reação não diminui a violência”, diz Sara. A obra tem gerado curiosidade nos vizinhos, o que, segundo o organizador do projeto, já é um bom início.

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“A proposta é que esses trabalhos dissolvam essa noção simbólica do muro como separação. O projeto pretende que o muro seja, ao invés disso, um local de encontro”, diz Vilela. 


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