Cuidado: seu filho pode ser um criminoso. Se não bastassem as preocupações cotidianas, os pais têm agora mais um motivo para vigiar o que a garotada faz na internet. Incapazes de deter o avanço da pirataria digital de músicas, as gigantes da indústria fonográfica decidiram processar os próprios internautas. Na segunda-feira 8, Universal, BMG, EMI, Warner e Sony entraram com 261 ações na Justiça americana contra quem baixa canções de graça pela rede.

As gravadoras alegam violação de direitos autorais e atribuem a queda de um terço na venda de discos nos últimos três anos à criação do primeiro site de músicas online, o Napster, em 1999. A associação das gravadoras diz que o prejuízo não tem relação com o preço elevado dos CDs nem com a crise econômica mundial.

O critério para escolher os 261 supostos criminosos entre os milhões de internautas que baixam músicas pela internet foi a quantidade de downloads. O texano Durwood Pickle, 71 anos, só descobriu que seu neto estava entre os maiores fãs das canções em formato mp3 quando viu seu nome na lista de processados. Se for condenado por pirataria, ele pode pagar até US$ 150 mil por música copiada.

Já a americana Brianna LaHara, 12 anos, confessou logo de cara. Sua mãe concordou em desembolsar US$ 2 mil para encerrar o caso. Como o serviço de distribuição de canções funciona espalhando os milhares de músicas em vários computadores pelo mundo, qualquer internauta, de qualquer país, em tese estaria na mira dos gigantes da música. As gravadoras querem diminuir o ritmo de downloads gratuitos, mas não estancar o fenômeno de troca de músicas pela rede. Até porque a luta seria inócua. Só o iTunes, site criado pela Apple para vender músicas online, bateu o recorde de acessos, com dez milhões de downloads desde sua inauguração, em abril deste ano.