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Um segundo corpo de vítima do acidente com o voo Rio-Paris da Air France, que caiu no Atlântico em junho de 2009, com 228 pessoas a bordo, foi resgatado nesta sexta-feira (6) do fundo do oceano, anunciaram à AFP militares franceses. "Após a retirada de um corpo ontem, quinta-feira, os restos de uma outra vítima do voo AF447 foram levados ao navio" encarregado das operações, na manhã desta sexta-feira, diz um comunicado.

"Os especialistas do Instituto de Pesquisa Criminal militar (IRCGN), presentes a bordo, estudam se será possível determinar a identificação do corpo pelos testes de DNA", acrescentaram as mesmas fontes. Um primeiro corpo de um passageiro do voo AF447 Rio-Paris havia sido resgatado na quinta-feira, durante operação considerada "inédita".

Os dois registradores de voo (caixas-pretas) do Airbus A330 da Air France, cruciais para determinar as causas desta tragédia inexplicável, foram retirados do fundo do oceano no domingo e na segunda-feira. Os destroços do aparelho foram localizados, no início de abril, a 3.900 metros de profundidade, numa área 600 metros por 200. O avião transportava, além da tripulação da Air France, 216 passageiros de 32 nacionalidades, entre eles 73 franceses, 58 brasileiros e 26 alemães.

França diz que resgatará “todos” os corpos

A Polícia Militar francesa disse que a equipe de resgate que trabalha a bordo do navio Ile de Sein vai ser reforçada a partir do próximo dia 20, para que "todos os corpos e objetos pessoais" de vítimas do Airbus A330 – acidentado enquanto realizava o voo 447 da Air France, entre Rio de Janeiro e Paris há dois anos – sejam resgatados. O anúncio foi feito logo após içarem à superfície mais um "corpo inteiro preso a um assento". A nota foi divulgada nesta sexta-feira pela direção de comunicação da Polícia Militar Nacional.

O comunicado informou que o trabalho de recuperação dos restos das vítimas vai ser realizado durante cerca de 15 dias, por 12 especialistas. Em relação ao segundo corpo que foi trazido à superfície hoje, o texto explicou ainda que "a operação foi realizada com toda a dignidade, em condições difíceis". Material genético foi retirado do corpo, para providenciar a identificação da vítima.

As amostras do primeiro corpo, resgatado com sucesso na quinta-feira após uma tentativa inicial "infrutífera", deverão chegar à França na metade da semana que vem, conforme a polícia. Elas vão passar por análises "para determinar se a identificação por DNA é possível".
O texto afirma que "o procedimento colocado em prática pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) e os investigadores da polícia, permitindo de trazer um corpo inteiro preso a um assento, assim como todo outro elemento dispersado no solo, se revelaram conclusivos de um ponto de vista técnico", indicando que a técnica parece funcionar no objetivo de resgatar as vítimas.

O diretor de Desenvolvimento da empresa Phoenix, que fabrica o robô Remora 600, utilizado para a operação de resgate dos destroços do AF 447, disse que já havia realizado outras experiências semelhantes a essa, como a recuperação dos restos de um avião da Yemenia acidentado nas ilhas Comores, em 2009, assim como dezenas de vítimas da tragédia. A empresa também é a escolhida dos Marines americanos para buscas em alto mar e operações de resgate. "Nós nos focamos no trabalho que precisa ser feito e o conduzimos com o máximo de cuidado e consideração possíveis", disse Timothy Janaitis, que se recusou a dar mais detalhes sobre o procedimento em respeito às famílias das vítimas.

O acidente

O avião da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy – Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal. Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta.

A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato. Os fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois no meio do oceano pelas equipes de busca brasileiras. No entanto, as caixas-pretas foram localizadas quase dois anos depois, em 1º de maio de 2011.

Dados preliminares das investigações feitas pelas autoridades francesas revelaram que falhas dos sensores de velocidade da aeronave, conhecidos como sondas Pitot, parecem ter fornecido leituras inconsistentes e podem ter interrompido outros sistemas do avião. As sondas permitem ao piloto controlar a velocidade da aeronave, um elemento crucial para o equilíbrio do voo. Mas investigadores deixaram claro que esse seria apenas um elemento entre outros envolvidos na tragédia. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores – até então feitos pela francesa Thales – por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.