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 A revista americana “Time”, título mais importante do mundo e uma das maiores referências do jornalismo desde a primeira metade do século passado, cumpriu a promessa feita a seus leitores na última segunda-feira e lançou uma edição especial inteiramente dedicada à cobertura da morte de Osama Bin Laden. A revista chegou às bancas um dia antes de sua data normal, às sextas-feiras, e já pode ser baixada via App Store por US$ 4,99.

Mais uma vez, a direção de arte da revista optou por reeditar uma imagem icônica, criada depois da queda de Adolf Hitler em 1945: sobre fundo branco, uma ilustração hiper realista do rosto de Osama bin Laden é marcada com um X em vermelho vivo. O quadro já havia sido recriado duas vezes, depois das mortes do líder da Al-Qaeda Abu Musab al-Zarqawi e do ditador iraquiano Saddam Hussein (acima).

O tom da edição vai do triunfante ao ufanista em vários momentos. Um dos exemplos é o perfil de Leon Panetta. Cabeça da CIA e um dos maiores defensores da operação que resultou na morte de bin Laden, ele é saudado como o homem que trouxe a inteligência de volta à agência norte-americana depois da devastação deixada pela administração de George W. Bush. Mas ninguém sai melhor da fita do que o presidente Barack Obama. Os retratos feitos na sala de controle durante a operação entraram imediatamente para a História e colocam Obama em um dos lugares mais privilegiados do clube de heróis nacionais. Um artigo ainda analisa o estofo que o fim do inimigo número um da América garante à candidatura de Obama à reeleição no ano que vem.

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Já as fotos escolhidas pelos editores da "Time" fazem jus à história da revista. Imagens quentes da ação militar e o registro dos destroços na casa ocupada por bin Laden fazem o contraponto a flagrantes de euforia captados na madrugada de segunda-feira nos Estados Unidos. Da festa em Times Square, em Manhattan, o leitor viaja até uma homenagem solitária no memorial construído nas cercanias do Pentágono, um dos alvos da Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001.

Voltando ao terreno da análise, outro texto, assinado por James Poniewozik, compara a excitação da operação dos Navy Seals ao thriller televisivo "24 Horas", protagonizado pelo quase indestrutível Jack Bauer. "Depois da morte de bin Laden houve um breve sentimento de união mais uma vez. Mas agora sabemos que o show acabou", diz o texto.

Para fechar o pacote, a última página da edição especial é dedicada à reflexão de Nancy Gibbs, responsável pela histórica matéria de capa com a cobertura do 11 de setembro. Em sintonia com o discurso do governo Obama, ela prefere chamar a atenção para as mortes evitadas com o fim das ações comandadas por Osama bin Laden. "Por todo o Oriente Médio observamos os garotos que bin Laden considerava seus soldados escolhendo a mudança pacífica". Aguardemos os próximos capítulos.