A Rússia recebeu um duro golpe no sábado 30, quando seu submarino nuclear K-159 afundou no Mar de Barents, enquanto era rebocado para um estaleiro ao Norte do país, onde seria desmontado. Nove de seus dez tripulantes morreram e o único sobrevivente, Maxim Tsibulsky, foi resgatado após resistir por uma hora e meia nas gélidas águas do Ártico. O acidente expôs a caótica situação da Marinha russa, que, ao lado da frota americana, foi a maior e mais bem equipada do mundo durante a guerra fria, que durou até 1991.

Segundo a imprensa russa, o K-159, que tinha 40 anos e estava sem uso desde 1989, tinha fissuras no casco, estava com a escotilha aberta e os cabos que o ligavam ao rebocador, frouxos. A manobra desastrosa trouxe à tona uma outra tragédia russa, o afundamento do submarino nuclear Kursk, há três anos.

Tido como a menina dos olhos da frota russa, o Kursk afundou no mesmo mar de Barents, depois de várias explosões na sala de torpedos. A demora em divulgar o acidente culminou na morte dos 118 tripulantes. Dessa vez, as autoridades russas prometeram resgatar o K-159 o quanto antes e apressar a investigação das causas do acidente. O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Ivanov, não poupou os militares, a quem chamou de negligentes. Todas as manobras envolvendo submarinos nucleares desativados foram suspensas.

O afundamento do K-159 também preocupa ambientalistas. Com cerca de três mil toneladas de peso, ele carregava dois reatores nucleares para propulsão do motor (com a queima de urânio, as turbinas são ativadas). A contaminação das águas não está descartada.“É um perigo em potencial, pois houve contato dos equipamentos do submarino com o urânio, o combustível nuclear”, diz Sérgio Dialetachi, do Greenpeace. Estima-se que existam cerca de 60 bombas e 12 reatores nucleares no fundo dos oceanos.

Saber o que fazer com o lixo nuclear submerso ainda é uma preocupação. “Seria preciso um tipo de armazenamento que resista milhares de anos e isso ainda não existe”, diz Aquilino Senra, engenheiro nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O submarino russo chama atenção pelo tamanho, mas outros casos tão graves quanto esse acontecem pelo mundo sem que ninguém saiba”, alerta Dialetachi, do Greenpeace.