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Um vídeo de 21 minutos acaba de paralisar o governo da Guatemala. Na gravação, o advogado Rodrigo Rosenberg, 47 anos, acusa o presidente do país, Álvaro Colom, de ordenar sua morte. A motivação para o crime, afirma Rosenberg, é o fato de ter sido advogado do empresário Khalil Musa e de sua filha Marjorie, mortos a tiros no dia 14 de abril, em frente a um centro comercial da Cidade da Guatemala.

No vídeo, Rosenberg afirma ainda que seus clientes foram eliminados por se negarem a participar de um esquema de corrupção que envolveria integrantes do governo, a começar pelo presidente. Três dias depois de gravar a denúncia, às 9h15 da manhã do domingo 10, Rosenberg foi morto a tiros enquanto andava de bicicleta perto de sua casa, na capital guatemalteca.

O assassinato de Rosenberg desencadeou uma onda de protestos sem precedentes no país. Formado em 1986, com especialização em Cambridge, na Inglaterra, e em Harvard, nos Estados Unidos, o advogado começou sua denúncia com uma frase que ultrapassou as fronteiras da Guatemala, por meio da rede mundial de computadores: "Infelizmente, se você está neste momento ouvindo ou vendo esta mensagem, é porque fui assassinado pelo presidente Álvaro Colom." Eleito com a promessa de acabar com décadas de violência e corrupção, Colom tomou posse em janeiro de 2008. Chegou em dezembro contabilizando 6.292 mortes violentas no país, número superior aos dos piores anos da repressão militar dos anos 1970.

Depois de classificar a acusação de Rosenberg como parte de um "complô" contra seu governo, Colom pediu ao FBI, a polícia federal americana, e à Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), que investiguem o crime. Com a agenda suspensa, o presidente dedica-se a administrar a crise e o recémsurgido movimento para que renuncie ao cargo. "Desta Casa só saio morto.

Não assassinei ninguém", disse Colom na quarta-feira 13. À frente da Cicig uma entidade ligada à ONU, o espanhol Carlos Cartresana foi sucinto: "É preciso desarticular as estruturas clandestinas que estão operando dentro do poder." Ele não defende a renúncia do presidente, mas pediu que Colom se afaste da investigação, para garantir a transparência do processo.

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