Assista a vídeo que mostra como o equipamento conseguiu encontrar os destroços do Airbus A330 :

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TRAGÉDIA
Imagem captada por robô-submarino mostra trem de pouso do Airbus

Já se passaram quase dois anos desde que o Airbus A330 da Air France caiu no Oceano Atlântico, no caminho entre Rio de Janeiro e Paris. Inicialmente, apenas os corpos de 50 das 228 vítimas a bordo da aeronave foram encontrados, mas descobertas próximas ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, no nordeste de Fernando de Noronha, revelaram a presença de mais destroços da aeronave na semana passada, além de um número não divulgado de restos mortais. O achado é fundamental para as investigações do caso porque pode ajudar a esclarecer as circunstâncias da tragédia e levar alento a centenas de familiares que ainda não puderam enterrar os seus entes queridos.

A descoberta só foi conseguida graças ao uso da tecnologia de Veículos Submarinos Autônomos – uma classe de pequenos robôs submarinos controlados remotamente, capazes de analisar as áreas mais profundas e inacessíveis no fundo do oceano. Desenvolvido pela Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) em parceria com os escritórios de pesquisa e oceanografia naval dos Estados Unidos, o submarino Remus 6000 é considerado uma das mais modernas ferramentas de exploração marítima disponíveis. Equipado com sensores não muito diferentes dos encontrados em um smartphone, como GPS e sistema de navegação inercial, o Remus 6000 é utilizado principalmente no mapeamento do fundo oceânico para empresas petroleiras ou de exploração mineral. Acrescido de ferramentas adicionais, como câmera de vídeo e sonar 3D, o veículo se torna um aliado poderoso em missões de busca como a do avião da Air France.

A combinação das diferentes tecnologias de mapeamento, somada à análise das características oceânicas, garante uma avaliação bastante precisa da área explorada pelo Remus 6000, gerando mosaicos de imagens capturadas tanto por câmeras quanto por sonar. Os recursos tecnológicos possibilitam investigações em áreas mais profundas do oceano – os destroços do Airbus da Air France foram localizados a quase quatro quilômetros da superfície, distância recorde em buscas desse tipo. Para entender melhor a dimensão do mergulho, é preciso lembrar que os equipamentos tradicionais de exploração submarina alcançam, em média, apenas 50 metros abaixo da superfície.

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TRIBUTO
Memorial em Paris homenageia as vítimas do acidente ocorrido em 2009

O resgate do Airbus também será feito por robôs-submarinos e, devido ao ineditismo do caso, a fragilidade dos destroços preocupa as autoridades francesas. A área onde os restos do avião se encontram, a 3.900 metros, é considerada um dos fatores de maior risco na recuperação dos corpos das vítimas. A janela de quase dois anos entre a queda do avião e sua recuperação também preocupa, por causa do efeito do tempo na decomposição. Mas o grupo comandado pelo governo francês guarda esperança no fato de que, a quase quatro quilômetros da superfície, a temperatura do oceano chega bem próxima do zero, favorecendo a conservação.

O submarino Remus 6000 tem preço estimado de US$ 2,5 milhões – valor considerado baixo em relação aos seus benefícios garantidos, principalmente no caso das explorações comerciais. Ain­da assim, é possível encontrar modelos menores e mais simples da ferramenta, também fabricados pela empresa americana Hydroid. O Remus 100, por exemplo, é utilizado pela Marinha americana no rastreamento de minas marítimas.

No Brasil, os parentes das vítimas do acidente com o avião francês se organizam para encontro com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com a assessoria da Presidência da República. A Associação dos Familiares do Voo da Air France, presidida por Nelson Faria Marinho, exige maior participação do governo brasileiro nas buscas, até agora comandadas por equipes do país europeu. A alegação dos associados é de que os familiares das vítimas brasileiras não recebem o mesmo suporte que os parentes dos passageiros franceses, sendo vítimas de discriminação pela Air France. Outro importante ponto levantado pela associação brasileira é o conflito de interesses existente na investigação: o governo francês também é acionista tanto da empresa Airbus, fabricante do avião, quanto da companhia aérea Air France.

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