O corpo barroco – Carlos Mélo/ Moura Marsiaj, SP/ até 30/4

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SER OU NÃO SER
Em performance, Carlos Mélo encara temas como morte, animalidade e nudez

Para demarcar terreno e afirmar forte identidade, Carlos Mélo foi o artista escolhido pelas galeristas Laura Marsiaj, do Rio de Janeiro, e Mariana Moura, do Recife, para inaugurar o novo espaço que abrem juntas em São Paulo. Essa é a primeira mostra individual do artista pernambucano na capital paulista, depois de ele ter participado de diversas e importantes exposições coletivas em todo o Brasil e ter ganho o Prêmio CNI Sesi Marcantonio Vilaça, em 2006.

Com curadoria de Cristiana Tejo, a exposição articula três núcleos de obras: o desenho, a performance e o trabalho com palavras. Em cinco fotografias e um vídeo, Mélo afirma o corpo como protagonista de sua obra estética. Mesmo em seu desenho, feito de gestualidade demarcada a grafite, subentende-se a atuação de um corpo enérgico, vibrátil e intenso.
O desenho é, afinal, o vestígio de um corpo em performance. O mesmo ocorre com o texto, diagramado em um anagrama de neon, instalado na vitrine da galeria. A obra que dá título à exposição reescreve a frase “o corpo barroco”, invertendo palavras e dando origem a outras, como oco e barro. “Gosto desse contorcionismo semântico”, assume o artista.

Mélo afirma que o barro é matéria seminal na sua trajetória, mesmo sem nunca ter trabalhado com ele. Isso porque nasceu em Riacho das Almas, perto de Caruaru, que, além de ser conhecida como a capital do forró, é uma das capitais internacionais do artesanato com barro. “Por ter também uma das mais famosas feiras do mundo, Caruaru se estragou muito. Por isso mesmo, acho que é uma cidade com potencial para ter uma bienal”, diz Mélo, que tem “a Bienal do Barro” entre os próximos projetos a realizar.
Com a mostra de Mélo, a nova galeria paulistana sinaliza um vigoroso repertório de artistas nascidos em várias cidades brasileiras, especialmente no Nordeste, como Alice Vinagre, Amanda Melo e Bruno Vilela, entre tantos outros.