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A presidente Dilma Rousseff sinalizou nesta terça-feira (29) que o Brasil poderá ajudar Portugal a resolver os problemas econômicos que está enfrentando. "Sempre poderá (ajudar), assim como Portugal já ajudou o Brasil economicamente", afirmou Dilma, ao chegar a Coimbra, para iniciar uma visita de dois dias a Portugal. Sobre a possibilidade de o Brasil comprar títulos da dívida portuguesa, como sugeriu nessa segunda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma não respondeu.

A visita de Dilma a Portugal é a primeira ao continente europeu. Ela fica até quarta (30) em Coimbra e depois segue para Lisboa, onde se encontrará com o presidente Cavaco Silva e o ex-primeiro-ministro, José Sócrates. De acordo com o programa da viagem, Dilma visita nesta terça a universidade e um museu de Coimbra e na quarta participa da cerimônia de concessão do título de doutor honoris causa ao ex-presidente Lula, na Universidade de Coimbra.

O pedido de ajuda aos portugueses foi levado ao governo brasileiro no ano passado, quando o ministro de Finanças de Portugal, Fernando Santos, teve um encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em dezembro, Mantega falou da possibilidade de ajuda, mas a própria presidente, em outras oportunidades, havia descartado a hipótese.

Nessa segunda, em Lisboa, em entrevista à imprensa local, o ex-presidente Lula disse que "é viável a compra da dívida", mas ressalvou que cabe à presidente Dilma decidir o que fazer. Lula, no entanto, comentou que deve ser feito todo esforço para ajudar Portugal. Ele lembrou que toda vez que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tentou cuidar das dívidas dos países acabou criando mais problemas. Segundo ele, a Europa é muito grande e também poderia colaborar com os portugueses.

China

Às vésperas da primeira visita da presidente Dilma Rousseff à China, as barreiras comerciais, as reclamações mútuas e os problemas entre os países ressurgem na pauta diplomática. Um dos pontos mais difíceis dessa relação, herança do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, já tem uma resposta brasileira – e não é a esperada pelos chineses. O Brasil, na viagem da presidente, de 11 a 15 de abril, não vai reconhecer o país como economia de mercado.

A promessa, feita em 2004 por Lula na primeira visita oficial do presidente chinês, Hu Jin Tao, ao Brasil, não está nem na pauta brasileira da viagem de Dilma nem na agenda imediata do governo. "Isso é um problema para o governo brasileiro, mas ninguém quer mexer agora. Não há nenhum clima no País hoje para levar isso adiante", disse um diplomata.

O Brasil foi o único país a falar no reconhecimento da China como economia de mercado até hoje, uma medida que irritou empresários de todas as áreas no País. No entanto, começou a morrer logo em seguida. O próprio ex-chanceler Celso Amorim, então patrocinador da medida, se disse "decepcionado" com os poucos avanços que o Brasil obteve em troca da declaração. A decisão de não levar adiante a regulamentação, no entanto, foi tomada pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio.

Não fazer o reconhecimento esperado pela China, no entanto, não resolve a maior parte dos problemas que o País tem em sua relação comercial. Especialmente porque a maior parte deles está na conta do Brasil. Burocracia excessiva para exportações, carga tributária complicada e dificuldades com infraestrutura tornam difícil a competitividade do Brasil no mercado chinês. Mais que isso, a falta de tecnologia e inovação dos produtos brasileiros, comparado com o que se produz na China, torna quase impossível hoje um comércio que vá muito além das commodities.