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A empresa que opera a central nuclear de Fukushima reconheceu nesta segunda-feira (28) que a água com alto índice de radioatividade vazou dos edifícios dos reatores, uma descoberta que pode agravar o temor de uma grande contaminação ao redor da instalação. Esta água contaminada inundou os túneis técnicos que passam sob a sala de máquinas dos reatores 1, 2 e 3.

"Detectamos água acumulada em poços de observação de um duto subterrâneo que desemboca no exterior do edifício do reator 2, com um nível de radioatividade superior a 1.000 milisieverts por hora", declarou um porta-voz da empresa Tokyo Electric Power (Tepco). Já haviam sido observadas mostras de água radioativa, muito provavelmente procedente dos reatores, no subsolo das salas onde se encontram as turbinas, mas é a primeira vez que os engenheiros da Tepco detectam a presença de água contaminada no lado externo.

Na quinta-feira passada, três funcionários foram expostos a altos níveis de radiação quando entraram em contato com a água na sala de máquinas do reator 3, medida em 180 milisieverts por hora. Os três foram liberados do confinamento nesta segunda-feira, depois que os médicos não detectaram perigo imediato para a saúde.

Os poços de observação dos três túneis ficam a 60 metros do Oceano Pacífico, e a água contaminada pode ter seguido até a margem, admitiu a Tepco. "Estamos verificando se a água pode ter entrado em contato direto com o mar", disse o porta-voz da empresa. Uma taxa de iodo radioativo 1.150 vezes superior à norma legal foi medida na água do mar a 30 metros dos reatores 5 e 6. A radioatividade pode ter origem nos reatores 1 a 4, os que sofreram mais danos, situados 1,5 km ao sul, onde foram registradas taxas quase 2.000 vezes acima do padrão aceitável.

O bombeamento da água contaminada será complicado, já que os técnicos devem encontrar uma forma de transferir o líquido aos depósitos sem se expor a doses de radiação fatais. Quase 500 pessoas estão trabalhando na instalação, injetando água doce com a ajuda de bombas elétricas nos reatores para evitar o aquecimento do combustível, o que provocaria uma catástrofe de grande magnitude.

O governo criticou a Tepco por ter anunciado no domingo que um nível de radioatividade 10 milhões de vezes acima do normal foi registrado na água que escapou do reator 2, antes de reconhecer que se tratava de uma informação equivocada. "Mesmo que o cansaço das pessoas que trabalham no local possa ajudar a explicar o erro, considerando que a vigilância da radioatividade é uma condição maior para garantir a segurança, este tipo de erro é absolutamente inaceitável", declarou Yukio Edano, porta-voz do governo.

A cifra alarmista foi repetida incessantemente pelos meios de comunicação do país e do mundo inteiro, agravando a psicose provocada pelo acidente na central de Fukushima 1. Na região norte do arquipélago, devastada pela catástrofe provocada pelo terremoto e tsunami de 11 de março, o número de vítimas continua aumentando: o balanço mais recente registra 10.901 mortes confirmados e 17.621 desaparecidos.

Um novo tremor secundário potente foi registrado nesta segunda-feira a 100 km da costa de Sendai, com 6,1 graus de magnitude, sem provocar vítimas ou danos materiais.

Proibição

O ministério da Saúde do Japão pediu às engarrafadoras de água em todo o país que suspendam o uso de águas pluviais para evitar contaminações pelos resíduos radioativos da central de Fukushima. Além disso, o ministério ordenou no fim de semana que os distribuídores de água e estações de tratamento cubram os depósitos com uma lona para isolar os locais de uma possível radiação. Também devem evitar o abastecimento de água dos rios logo após as chuvas.

Tóquio, cidade de 13 milhões de habitantes, e diversos municípios próximos detectaram na semana passada um nível de iodo radioativo na água de torneira superior ao limite recomendado para os bebês. Na quarta-feira, os habitantes de Tóquio receberam a ordem de não dar água de torneira aos bebês. Um dia depois a suspensão foi proibida.

O ministério da Saúde teme que as chuvas contenham elementos radioativos da central de Fukushima, afetada pelo terremoto e tsunami de 11 de março. A situação gerou a pior crise da história nuclear civil do Japão.

Novo terremoto

Um abalo de magnitude 6,1 atingiu o nordeste do Japão nesta segunda-feira (28), informou o instituto geológico, dando origem a um alerta de tsunami que foi posteriormente cancelado. Segundo a primeira informação, o terremoto teria sido de magnitude 6,5. Este tremor provavelmente é uma réplica do terremoto original de magnitude 9.

A Agência Meteorológica Japonesa chegou a emitir um alerta de tsunami de 50 centímetros para o litoral da província de Miyagi, que foi uma das mais atingidas pelo desastre de 11 de março passado. A Agência Meteoróligica Japonesa emitiu apenas um "alerta de observação" para a população que mora no litoral.

Esse alerta significa que uma onda de altura limitada pode tocar o litoral e corresponde a um grau de perigo menor que um alerta, que implica que uma tsunami acima de 2 metros pode chegar à costa.