Personalizar o toque do celular com músicas conhecidas pode parecer brincadeira de criança, um charme a mais nos atuais aparelhos, mas para o mercado fonográfico o assunto é sério e lucrativo. Só no ano passado, os compositores do mundo inteiro faturaram mais de US$ 1,45 bilhão em royalties de canções cedidas, um crescimento de 58% em relação a 2001. No Brasil, a efervescência é similar. Segundo a Cyclelogic Mobil Solutions, empresa especializada na criação de toques de chamada para celulares, que vende 500 mil campainhas por mês, o mercado brasileiro deve crescer pelo menos 200% em 2003. “É uma verdadeira máquina de fazer dinheiro”, diz Henrique Thoni, diretor da companhia.

Tem música para todos os gostos. Desde os hinos dos clubes de
futebol aos hits que aquecem as danceterias espalhadas pelo mundo, passando pelos temas de filmes consagrados. Nos aparelhos dos brasileiros, os líderes de consumo dessa futilidade entre os latino-americanos, a música que mais se ouve quando o celular toca é
sei namorar
, dos Tribalistas. Para oferecer uma nova campainha aos clientes, as operadoras pagam 20 centavos por melodia, mas é o consumidor quem sustenta esse mercado em ascensão. As músicas estão disponíveis nos sites das operadoras de telefonia celular. O download feito pela internet custa entre R$ 1,99 e R$ 2,99 e 10%
são repassados aos compositores pelos direitos autorais.

Os adeptos do serviço podem se animar. A grande novidade são os toques polifônicos, tecnologia ultramoderna que transforma o som computadorizado e sem graça das campainhas monofônicas em verdadeiras potências musicais. “A sensação é comparável à que se tem em um show ao vivo”, diz Carlos Blagberg, coordenador de serviços da TIM. As gravadoras estão comemorando. Com a popularização do serviço, a venda de toques polifônicos pode ajudá-las a driblar as perdas provocadas nos cofres da indústria de entretenimento pela pirataria e pelo download ilegal de canções pela internet. “Num futuro próximo, absorveremos esse mercado e teremos um negócio extremamente lucrativo”, aposta Andréa Tornilon, diretora-geral da editora da gravadora Sony no Brasil.