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Ao longo das últimas quatro décadas a artista plástica Regina Silveira não esqueceu Porto Alegre. Foi na capital gaúcha que ela nasceu e ali fez parte da turma de alunos do pintor Iberê Camargo. Desde que deixou a cidade, em 1967, retornou a sua terra natal diversas vezes com trabalhos e exposições, porém não realizou uma mostra que abarcasse tão completamente sua carreira, como a que acontece agora na Fundação Iberê Camargo. “Mil e um dias e outros enigmas” tem a curadoria do colombiano José Roca, que também é o curador da Bienal do Mercosul 2011. A exposição revisita a produção de Regina a partir da década de 1980 e apresenta trabalhos realizados especialmente para a mostra.

Um dos pontos de partida é a antológica “Anamorfas”, série de figuras distorcidas a partir de um estudo das anamorfoses, efeito visual utilizado na pintura por artistas que se dedicaram ao estudo da perspectiva. A artista aborda, em específico, as anamorfoses do pintor italiano Giorgio De Chirico, nome de fundamental importância para o entendimento do seu percurso, proposto pela exposição. Seu quadro “Enigma de Um Dia” (1914) é referenciado na série “Enigmas”, em que, assim como De Chirico, Regina elege a sombra como tema. “Mesmo que eu não trabalhe com a pintura diretamente, ela ainda permanece indiretamente nas minhas criações”, comenta a artista sobre De Chirico, que foi professor de Iberê Camargo na década de 40. A artista faz menção ao seu passado de pintora com a peça escultórica “Dobra Cavalete”, que apresenta a sombra de dois cavaletes distorcidos.

Mais recente, “Mundo Admirablis” (foto) faz menção às pragas bíblicas, espalhando pelo espaço interno do prédio figuras gigantes de insetos retirados de livros especializados. A obra “Atractor” (foto), grande orgulho da artista, é uma intervenção na fachada do prédio da instituição, onde a palavra “Luz” não apenas atrai e reflete a luminosidade do dia, mas também toda a paisagem do rio Guaíba. “Já utilizei a palavra luz em mais de 14 intervenções. Pensei ter esgotado todas as formas, mas aqui ela reaparece. Na minha imaginação, ela não se esgotou”, diz Regina, que neste trabalho homenageia o que há de mais belo em sua cidade natal.

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