Conhecida por suas praias paradisíacas, a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, vai se tornar um dos mais avançados centros de pesquisa em neurociência do mundo. O projeto, de R$ 3 milhões, integra o programa de pólos de desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia e será dirigido pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis, 42 anos, que está de volta ao País depois de alcançar fama internacional na Universidade de Duke, nos EUA. Nicolelis é o primeiro astro da ciência mundial que o Brasil consegue repatriar para desenvolver aqui as mesmas pesquisas que lhe deram prestígio internacional. “Trazer de volta cérebros brasileiros, oferecendo-lhes as melhores condições econômicas e de trabalho, é uma das nossas prioridades”, afirma o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. O programa não se resume a trazer de volta cientistas brasileiros. Pesquisadores estrangeiros com trabalhos em áreas semelhantes também interessam ao País. No caso de Nicolelis, que é formado pela Universidade de São Paulo (USP), não foram apenas as belezas naturais de Natal que o conquistaram, mas uma tradição de pesquisas com primatas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Outro projeto de desenvolvimento que passou a receber apoio do governo federal é o Porto Digital, no Recife. Empreendimento ambicioso desenvolvido pelo Estado de Pernambuco, o Porto Digital implantou um ambiente eletrônico em rede para pesquisa e desenvolvimento de software, atraindo capitais de risco que já geraram mais de 500 empresas. O embasamento científico do projeto foi dado pelo departamento de informática da Universidade Federal de Pernambuco. Hoje ele tem 30 empresas de tecnologia da informação e mais 520 empreendimentos comerciais. Concentrado no bairro do Recife, onde boa parte dos prédios é tombada como patrimônio artístico e cultural, o Porto Digital é uma experiência inédita no Brasil em termos de integração entre universidade, empresas, ONGs e governos.

Já o pólo de ciência e tecnologia do Ceará será especializado em fármacos e seu objetivo é formar cientistas e especialistas, além de atrair empresas do setor. O Ministério da Ciência e Tecnologia vai investir R$ 4,5 milhões nas instalações, construídas na Universidade Federal do Ceará. A idéia é desenvolver pesquisa com medicamentos à base de produtos naturais, além de formar mestres, doutores e técnicos para atender às necessidades da indústria farmacêutica nacional. “A quantidade de pessoal especializado é irrisória. Precisamos de cientistas e especialistas se pretendemos ter uma indústria farmacêutica de ponta”, afirma o ministro Amaral, que lança ainda este mês um programa de mestrado e doutorado nas universidades federais do Acre, Rondônia e Amapá, que hoje oferecem, juntas, só dois cursos de mestrado. “Os cursos serão oferecidos por professores da USP, que também dará os diplomas. Em dois anos teremos doutores e mestres nessas universidades”, conta o ministro. Para evitar que, depois de formados, esses cérebros saiam de seus Estados, o governo pretende oferecer bolsas de estudo. Já os professores da USP ganharão salários em dobro, pagos pela universidade e pelo governo federal. Com isso, o Brasil espera estancar a exportação da inteligência científica nacional.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias