Até agora aparentemente blindados contra a crise fiscal que afetou a Europa em 2010, os países emergentes estão conquistando espaço em uma área que sempre foi restrita às tradicionais potências econômicas mundiais. A última façanha dos chamados Brics – Brasil, Rússia, Índia e China – foi invadir sem nenhuma cerimônia a célebre lista dos homens mais ricos do mundo publicada anualmente pela revista americana “Forbes”. Na nova seleção dos bilionários divulgada na quinta-feira 10, nada menos que 50% dos estreantes da lista da “Forbes” vêm exatamente desses quatro países, que desbancaram tradicionais magnatas. Além disso, a “Forbes” também mostra que os bilionários mundiais têm mais dinheiro e são mais numerosos do que nos últimos anos. De acordo com a publicação americana, existem hoje no planeta 1,2 mil pessoas com patrimônio superior a US$ 1 bilhão, sendo que mais de 20% delas vêm dos Brics. Juntos, eles têm US$ 4,3 bilhões, algo como 2,3% de toda a riqueza mundial e valor superior ao PIB da Alemanha, o país mais rico da Europa. No ano passado a lista da “Forbes” contava com 937 nomes, que detinham juntos US$ 3,6 bilhões.

Até 2010, apenas os Estados Unidos conseguiam contabilizar mais de 100 bilionários em um único país. Em 2011, a China figura com 115 – praticamente o dobro de 2010 – e a Rússia, com 101. Já o número de mul­ti­milionários brasileiros, liderados por Eike Batista, pulou de 18 para 30 e juntos eles somam ativos de US$ 131,4 bi, quase 6% do PIB do País. Para a “Forbes”, o aumento no preço do aço e do petróleo na Rússia, a maior transparência financeira no Brasil e a expansão econômica da China e Índia justificam o avanço dos emergentes na lista. A publicação, no entanto, é cautelosa sobre a longevidade dessa situação. “Há um boom global das commodities. Mas, como deveríamos ter aprendido, elas podem subir muito rapidamente e cair na mesma proporção”, disse Steve Forbes.

O primeiro colocado do ranking é o mexicano Carlos Slim, do ramo das telecomunicações, com fortuna avaliada em US$ 74 bilhões. O segundo lugar ficou com o habitué da lista, Bill Gates, da Microsoft, com US$ 56 bilhões. Eike Batista ocupa a mesma posição de 2010, mas com US$ 3 bilhões a mais nesta edição. Sua riqueza soma US$ 30 bilhões. Como critério, a “Forbes” usou o valor das fortunas no momento do fechamento dos mercados acionários globais, em 14 de fevereiro de 2011. Nada mal para um ano que está apenas começando.

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