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APERTO
Mantega e Belchior garantem
que governo evitará desperdícios
 

Depois de um ano eleitoral far­to, com gastos públicos a per­der de vista, o governo decidiu anunciar um austero pacote de medidas de contenção de gastos para equilibrar as contas públicas e, com isso, tentar segurar a inflação. O caminho escolhido por Dilma foi cortar na própria carne. De uma só vez o Orçamento de 2011 sofreu uma redução de R$ 50 bilhões, que serão distribuídos em diversas áreas do governo, passando pelas sempre fartas emendas dos parlamentares, todos os ministérios e até mesmo as viagens a serviço. Real por real ainda não se sabe exatamente onde os cortes irão se dar, mas antes mesmo de os detalhes virem a público o arrocho orçamentário encontrou apoio de vários agentes do mercado financeiro, que há muito tempo vêm pressionando o governo para reduzir os gastos de custeio.

Foi o mercado financeiro, aliás, quem mais pressionou o governo a afiar a tesoura. Na última semana, houve uma espécie de queda de braço entre alguns integrantes do governo, em especial o ministro Guido Mantega, e os agentes financeiros privados, que encontraram apoio de suas opiniões junto ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. A Fazenda considera o aumento de preços que vem pressionando a inflação sazonal e queria um ajuste menor. Mas na noite da terça-feira 8, ao ouvir as opiniões de Mantega, e de Tombini, numa longa reunião no Palácio do Planalto, Dilma convenceu-se de que a pressão inflacionária é muito forte. E, diante da expectativa de que o BC seja obrigado a elevar os juros nas próximas três reuniões do Copom, decidiu por um corte mais profundo no Orçamento. Por isso, a medida, embora abaixo dos R$ 70 bilhões previstos pelo mercado financeiro, foi suficiente para sinalizar que a política de juros, daqui para a frente, não ficará isolada no combate à inflação.

Na Esplanada, os ministros têm feito apelos chorosos ao chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, para preservar seus orçamentos. As pastas mais políticas reclamam do excesso de medidas anti-inflacionárias que poderá derrubar o crescimento do PIB para menos de 5%. Fiel escudeiro do ex-presidente Lula durante os tempos de vacas gordas, o ministro Mantega já reduziu a previsão de 5,5% para 5% na semana passada. “É hora de ajudar o Banco Central, que não pode e não deve mais atuar como o eterno e único protagonista nos esforços de manutenção da estabilidade”, afirma o diretor do Departamento Econômico do Bradesco, Octávio de Barros.

A tesourada mais expressiva e co­ra­josa desse pacote será nas emendas parlamentares, atualmente em R$ 21 bilhões. Pelas estimativas do governo, só deverão ser preservados R$ 3 bilhões das emendas individuais tracicionalmente cobiçadas pelos políticos. Além disso, será implementado um sistema de alerta para auditoria de folha de pagamento, que apontará irregularidades em gratificações e acumulação de cargos e aposentadorias. O governo também decidiu cortar 50% em diárias e passagens e incumbirá os ministros e secretários executivos de assinar todas as autorizações. Se cumprir tudo o que está prometendo, o governo Dilma terá dado um tiro certeiro no combate à inflação.

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