Aleksandr Ródtchenko: revolução na fotografia/ Pinacoteca do Estado, SP/ de 19/2 a 10/5

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CELEBRIDADES
Ródtchenko usava seus amigos como modelos de capas
de livros e cartazes de propaganda estatal. Lilia Brik 
estampou anúncio de editora 
 

Pintor, escultor e artista gráfico, o russo Aleksandr Ródtchenko (1891-1956) foi o primeiro a levantar a bandeira da fotografia instantânea, um recurso estético inovador nas primeiras décadas do século XX. É certo que Henri Cartier-Bresson se tornaria um dos mais geniais olhares do instantâneo, mas, quatro anos antes de o francês dar o disparo que se tornaria um dos maiores ícones do século XX – o salto suspenso sobre a poça d’água nos fundos da Estação de Saint-Lazare, em Paris –, Ródtchenko já havia clamado: “Não minta! Fotografe e seja fotografado. Cristalize o homem não pelo retrato ‘sintético’, mas de vários instantâneos feitos em momentos diferentes. Preze tudo o que é real e contemporâneo. E seremos seres reais, não de brincadeira.” Em 1928, Ródtchenko já era tão pioneiro quanto seus companheiros poetas e pintores construtivistas da vanguarda russa. Conhecer esse olhar realista que influenciaria gerações e gerações – entre as quais os artistas concretos brasileiros – é o privilégio possibilitado pela mostra “Aleksandr Ródtchenko: Revolução na Fotografia”, que antes de chegar a São Paulo passou por Paris, Berlim, Amsterdã, Londres e Rio de Janeiro.

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Acima, design de capa de livro de Maiakóvski

Para Ródtchenko, ser contemporâneo na Rússia dos anos 20 era ser fotógrafo. A desconstrução da pose foi seu primeiro recurso para chegar a uma linguagem fotográfica que se tornaria universal. A fotografia de sua mãe, de olhos fechados, tirada em 1924, está entre seus primeiros instantâneos. A imagem seria capa da revista “Soviétskoe Foto”, assim como muitos retratos do poeta Vladimir Maiakóvski viraram capas de livros e o retrato de Lilia Brik, musa do poeta, estamparia diversos cartazes, sempre desenhados por Ródtchenko.

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SEM POSE
Mãe do artista foi capa de
revista de fotografia

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Com cerca de 300 obras, entre fotografias, fotomontagens, capas de livros, revistas e cartazes, a mostra elucida como o artista construiu uma identidade gráfica a serviço do socialismo soviético que seria idealizada para sempre. O último segmento da exposição mostra o trabalho fotojornalístico dos anos 30 e 40, que confirma seu olhar gráfico sobre o mundo. Especialmente nas imagens de esportes, Ródtchenko toma o partido de uma forte estetização da realidade, transformando operários e esportistas em semideuses. Uma postura que seria definitivamente apropriada alguns anos depois por Leni Riefenstahl, propagandista do Terceiro Reich.


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