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RETORNO
Depois de muitos anos, FHC voltou a ser o protagonista de um programa do PSDB
 

Em meio a uma guerra fratricida para definir quem comandará o partido pelos próximos anos, o PSDB decidiu recorrer a sua maior – porém esquecida – estrela, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para protagonizar o programa político em rádio e televisão a que tem direito todos os semestres. Os principais dirigentes do partido, entre eles o presidente Sérgio Guerra (PE), o ex-governador de São Paulo José Serra e o senador Aécio Neves, chegaram a concordar que a melhor opção seria transferir a veiculação do programa para depois das eleições que vão eleger o novo presidente da sigla, em abril. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral não aceitou o pedido de transferência e o PSDB precisou, às pressas, gravar os dez minutos que foram ao ar na noite da quinta-feira 3. Ainda sem saber que bandeira empunhar e com que cara se apresentar ao eleitor, os caciques tucanos decidiram escalar FHC. Oficialmente, argumentam tratar-se de uma homenagem ao ex-presidente, que em 2011 completa 80 anos e foi solenemente escanteado do debate eleitoral nas últimas três disputas presidenciais.

O retorno de Fernando Henrique ao protagonismo partidário, no entanto, tem causas e consequências que explicitam o estado das coisas no PSDB. Em meio a uma indefinição de rumos que tomou conta do partido após a derrota de Serra nas últimas eleições presidenciais, FHC ainda é o que melhor representa uma coerência programática e um discurso oposicionista diante da hegemonia petista. É ele também que ainda representa os últimos suspiros de consenso dentro do partido, dividido entre os seguidores do senador Aécio Neves e os apoiadores de José Serra. Como resultado, Fernando Henrique agora volta a ter voz nas decisões sobre o futuro do partido, papel que lhe foi negado, ainda que de forma sutil, e do qual ele se absteve por decisão pessoal. É por isso que ele assumiu o papel que assumiu neste momento.

A opção por FHC como ator principal do primeiro programa partidário após as eleições não significa, porém, que o PSDB caminhe agora para tempos mais tranquilos. Pelo contrário. A opção de levar para a tevê as benesses do Plano Real é um duro recado aos serristas, que insistiram em negar o passado tucano na campanha presidencial.

O próximo round das disputas internas se dará em duas frentes. A primeira trata-se da eleição do novo presidente. O cargo é a atual obsessão do ex-governador José Serra, que com ele pretende voltar ao debate político nacional. Serra, porém, enfrenta Aécio Neves, que defende a permanência de Sérgio Guerra e, com isso, pretende enfraquecer seu maior adversário no PSDB. A outra frente se dá em um partido aliado do governo, o PMDB. Serra trabalha para que o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, se transfira do DEM para o partido que deu origem ao PSDB e ocupe o espaço vago deixado pela morte do senador Orestes Quércia, seu aliado. Aécio, por sua vez, tenta evitar que isso aconteça. Fernando Henrique sempre acompanhou esses movimentos de longe. Agora, vai ter que entrar no ringue e a sua entrada agrada ao senador mineiro.

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