000_Nic535006.jpg

 

Quatro manifestantes morreram baleados na manhã desta quinta-feira na Praça Tahrir (Praça da Libertação) do Cairo, onde uma batalha campal entre adversários e partidários do presidente Hosni Mubarak já havia deixado pelo menos três mortos e centenas de feridos na quarta-feira. "Quatro pessoas morreram, uma delas atingida por uma bala na cabeça", declarou à AFP o médico Mohamed Ismail em um hospital de campanha instalado em uma área próxima da Praça Tahrir.

Tiros esporádicos começaram a ser ouvidos às 4h e prosseguiam com o passar das horas. Os tiros, procedentes da Ponte de Outubro, onde permanecem posicionados os partidários de Mubarak, também deixaram vários feridos. Os tanques do Exército que cercam a praça executavam movimentos, mas não estava claro se deixariam o local. A Praça Tahrir é o epicentro da revolta popular, que há 10 dias exige a queda de Mubarak.

Diálogo

O governo do Egito anunciou nesta quinta-feira o início de um diálogo com "forças nacionais" que inclui representantes dos manifestantes há 10 dias exigem a queda do presidente Hosni Mubarak, mas a principal coalizão de oposição reiterou a recusa em negociar enquanto o chefe de Estado permanecer no poder. O primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, também anunciou uma investigação sobre o violento ataque de partidários de Mubarak contra os manifestantes da Praça Tahrir do Cairo, que desde quarta-feira deixaram pelo menos cinco mortos. "Um diálogo começou entre o vice-presidente (Omar Suleiman) e os partidos políticos e as forças nacionais", informou o canal de televisão estatal, sem esclarecer quem participava nas conversações.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

"Nós nos reunimos hoje com representantes dos partidos de oposição e forças nacionais para encontrar uma saída à atual situação", afirmou Shafiq, citado pelo canal estatal. Mas Mohamed Abul Ghar, porta-voz da Coalizão Nacional para a Mudança, agrupada ao redor do líder opositor Mohamed ElBaradei e que inclui a Irmandade Muçulmana e o movimento Kefaya, reiterou a recusa em negociar enquanto Mubarak permanecer no comando do país. "Nossa decisão é clara: não haverá negociações com o governo antes que Mubarak saia. Depois disto, estaremos prontos para dialogar com (o vice-presidente, Omar) Suleiman", declarou Ghar à AFP.

Citado pela televisão, Shafiq afirmou que "o diálogo com a oposição engloba representantes dos manifestantes da Praça Tahrir". Segundo a agência oficial Mena, Suleiman e Shafiq "se reuniram na sede do conselho de ministros com um grupo de representantes e líderes de partidos egípcios que aceitaram participar no diálogo nacional". Veterano dos serviços de inteligência, Suleiman, nomeado por Mubarak como seu primeiro vice-presidente na semana passada, anunciou na segunda-feira que recebeu a missão de abrir um diálogo imediato com a oposição.

A rebelião popular que explodiu na terça-feira da semana passada teria deixado pelo menos 300 mortos desde 25 de janeiro, segundo números não confirmados da ONU. "Os acontecimentos da Praça Tahrir serão objeto de uma investigação", declarou Shafiq.

000_Nic535053.jpg

 

Partidários de Mubarak

Tanques do exército fizeram retroceder os partidários do presidente egípcio Hosni Mubarak, impedindo que voltassema se aproximar os manifestantes que, desde quarta-feira, resistem às forças oficialista na praça Tahrir do Cairo, constatou uma jornalista da AFP. Os tanques impediram que alguns dos partidários de Mubarak cruzassem a ponta estratégica que leva à praça, epicentro da rebelião popular que pede a renúncia do presidente no poder desde 1981. Pouco antes, partidários de Mubarak romperam o cordão militar que os separava dos opositores, segundo a jornalista da AFP presente no local.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias