Fotografia

Vulnerabilidade do ser, de Claudia Andujar (Pinacoteca do Estado, São Paulo) – Em cerca de 80 fotos preto-e-branco e coloridas, a fotógrafa brasileira de origem húngara tenta fazer uma autobiografia através de imagens, do final dos anos 50 aos dias de hoje. Do auto-retrato de sua sombra, feito no Rio Grande do Sul, aos reflexos abstratos da mata nas águas do rio Amazonas, captados na época das enchentes, passando obviamente pela documentação do cotidiano e dos rituais dos índios ianomâmis, sua produção mais conhecida, cada registro tem um papel fundamental na trajetória da fotógrafa. Ela associa, por exemplo, a invasão das terras indígenas pelo garimpo, registrada em inúmeras imagens, à ocupação nazista de seu país. Resultado do exame de 15 mil negativos, a mostra marca também o lançamento do livro homônimo, pela editora Cosacnaify. (Ivan Claudio)

 

DVD

Scarface (Classic Line) – Inspirado na biografia do famigerado Al Capone, o filme de Howard Hawks, que iniciou a onda dos enredos de gângster, ganha edição sem o subtítulo A vergonha de uma nação. Mas continua a emocionar com sua implacável visão da ascensão e queda do bandido de Chicago, que, depois de eliminar os rivais, o chefe e seu braço direito, se vê mergulhado numa espiral de violência à qual não consegue escapar. Com uma interpretação quase física, o grandalhão Paul Muni dá credibilidade ao abrutalhado Tony Camonte. Melhor, no entanto, está Ann Dvorak como a irmã do bandido, especialmente quando ela o pinta como alguém que mata tudo à sua volta. O luminoso com os dizeres “O mundo é seu”, visto da janela do apartamento de Camonte, apareceria depois na versão de Brian de Palma, de 1983, que do original só traz o título. (Ivan Cláudio)

Cinema

Contra a parede (em cartaz em São Paulo na sexta-feira 4) – Desde que enviuvou, Cahit (Birol Unel) se arrasta bêbado por bares e concertos de rock. Internado após tentar suicídio, o punk quarentão conhece na clínica outra suicida, Sibel (Sibel Kekilli), que tem a metade de sua idade e quer casar-se para se livrar da família. Os dois concordam com um casamento de fachada que evolui para uma história de amor, mas é interrompido por uma tragédia. Pontuado por música folclórica ao vivo, à maneira dos filmes de Emir Kusturica, o quarto trabalho de Fatih Akin, alemão de ascendência turca como seus atores – e personagens –, recebeu o Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Akin conheceu Sibel, que anteriormente só havia atuado em filmes pornôs, em um shopping. (Luiz Chagas)

Discos

Sexy 70 – music inspired by the Brazilian sacanagem movies of the 1970s, com Che (Yb Music) – Espectador assíduo do extinto programa Sala especial, da Rede Record, que reprisava na tevê as pornochanchadas dos anos 1970, o ex-baterista da banda Professor Antena, Che, cujo nome real é Alexandre Caparroz, resolveu homenagear as trilhas meio muzak das aventuras sexuais de beldades como Helena Ramos e Vera Fischer. Chegou a 17 temas instrumentais regados a muitos teclados vintage, metais, xilofone e balanço que hoje fazem a cabeça dos amantes do som lounge. Títulos como Helena x Aldine, Vera, a diaba loira e Mulher objeto podem sugerir um clima escrachado. Mas geraram um som nada vulgar, que de “parental advisory” só tem as vinhetas com diálogos gravados por Paulo Cesar Pereio e Helena Ramos (Ivan Cláudio)