Apresentador do “Os Legendários”, da Rede Record, e vocalista da banda “Ratos de Porão”, João Gordo é um dos vegetarianos improváveis desta reportagem. Confira em vídeo, dividido em dois blocos, o almoço da repórter Izadora Rodrigues com ele, que contou por que tomou essa decisão e como convive com os carnívoros que tem em casa. Confira!

Bloco 1 ("Eu fazia chiclete de onça. Mastigava a carne e cuspia fora no meio do restaurante”) :

gordo1_site.jpg

 

 

Bloco 2  (“Eu ainda uso couro. O bicho está morto mesmo, não fui eu que matei" :

gordo2_site.jpg

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail
 

 

 

chamada.jpg
METAMORFOSE
João Gordo compra frutas no Mercado Municipal:
“Aqui é a minha Disneylândia”, diz
 

Eles não são hippies, não têm aparência frágil nem participam de passeatas em favor da preservação da natureza. Porém, o ex-presidente americano Bill Clinton, o peso-pesado dos ringues Mike Tyson e o punk brasileiro João Gordo, acreditem ou não, são os mais novos adeptos da dieta vegetariana. Se no passado os três fizeram questão de deixar claro sua adoração por carnes e fast-food, hoje eles representam a parcela da população que decidiu abandonar os ingredientes de origem animal em prol de uma alimentação mais saudável. Segundo uma pesquisa sobre hábitos alimentares realizada pelo grupo Ipsos, 28% dos brasileiros declararam “ter procurado comer menos carne”, índice superior ao registrado na Inglaterra (25%). Apesar de não haver medições da quantidade exata de vegetarianos no Brasil, estima-se que hoje cerca de 5% da população nacional evite o consumo de carnes.

A busca de uma vida mais longa e sadia foi o que motivou Bill Clinton a aderir ao vegetarianismo. Aos 64 anos, o político já havia passado por quatro cirurgias cardíacas, incluindo a implantação de duas próteses na artéria coronária, reflexo de uma alimentação baseada em frituras, carne e embutidos. Depois da última internação, no início de 2010, Clinton decidiu mudar seu estilo de vida. Em vez de devorar hambúrgueres em famosas redes de lanchonetes, passou a se deliciar com um cardápio baseado em grãos, legumes, frutas e, eventualmente, peixes. Em poucos meses, gabava-se aos amigos do fato de manter o mesmo peso que ostentava durante o colegial. Sua atitude positiva e sincera em relação aos novos hábitos alimentares lhe rendeu o prêmio de Homem do Ano, cedido pela organização Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), e tornou o ex-presidente americano um dos mais improváveis propagadores da dieta vegana.

img.jpg 

Outro vegetariano que foge totalmente do estereótipo verde é o lutador de boxe Mike Tyson. Após perder sua filha de quatro anos em um trágico acidente dentro de casa, o campeão dos pesos-pesados, famoso pela mordida na orelha do rival Evander Holyfield, decidiu radicalizar. Não apenas parou de comer carne e outros ingredientes de origem animal como também abandonou o álcool e as drogas. “Eu não queria mais viver. Para ter vontade de continuar, resolvi transformar a minha vida. Mudei tudo o que eu não gostava em mim”, disse Tyson. “Eu comia carne e passava muito mal. Percebi que a carne havia se tornado um veneno.” Menos de um ano depois da sua conversão ao vegetarianismo, a lenda dos ringues perdeu espantosos 59 quilos e passou a exibir uma silhueta bem mais enxuta do que a da época em que havia acabado de abandonar as lutas.

Aqui no Brasil poucas pessoas sabem que João Gordo, vocalista da banda Ratos de Porão, é também um partidário da dieta vegetariana. O apresentador, que fez história na MTV com seus programas de conteúdo trash e atualmente comanda o “Legendários” ao lado de Marcos Mion, na Record, teve de mudar de cardápio há seis anos, em razão de uma cirurgia de redução do estômago. “Depois da operação, a carne ficou muito indigesta. Eu comia e vomitava. Para não passar mal quando ia a churrascarias, ficava só mastigando e cuspia no guardanapo, era nojento”, diz Gordo. Aos poucos, o adorador de bacon e feijoada foi trocando as iguarias politicamente incorretas por brócolis e soja. “Hoje a Zona Cerealista e o Mercado Municipal de São Paulo são a minha Disneylândia.” Gordo mantém-se firme longe das carnes mesmo quando a mulher e os filhos fazem questão de comer ingredientes de origem animal. “Às vezes preparo frango para as crianças, mas sem provar”, afirma.

Segundo a socióloga Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), a entidade tem recebido cada vez mais pessoas interessadas nos benefícios do vegetarianismo. “A procura está aumentando, principalmente dos flexitarianos, que são aqueles que decidem diminuir o consumo de carne, mas não abdicam dela totalmente”, diz Marly, citando um dos vários tipos de adeptos da dieta vegetariana (leia quadro). Na visão dela, a adesão ao estilo de vida saudável de vegetarianos improváveis, como Clinton, Tyson e Gordo, ajuda a divulgar a causa. “Eles são exemplos de que é possível modificar antigos hábitos e optar por uma dieta mais rica e variada sem a ingestão de carne”, afirma Marly. “Se entraram no vegetarianismo por questões de saúde, éticas ou ambientais, não im­porta.” Afinal, o mais importante, o primeiro passo, já foi dado.

img1.jpg

 

 



Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias