arqueologia1_90.jpg

Arqueólogos britânicos descobriram na semana passada a prótese mais antiga do mundo – um dedo de pé feito em couro e madeira, correspondente ao hálux direito de uma mulher. Com um nome tão bonito, mas convenhamos um tanto pedante, os hálux se popularizaram ao longo da caminhada humana como dedão. Pois então é isso: é de um dedão a primeira prótese produzida pelo homem na face da terra e estima-se que a mulher que a portava tenha vivido por volta do ano 1070 a.C. Por algum motivo que os pesquisadores não conseguem precisar, ela teve esse dedo decepado e a prótese devolveu-lhe não apenas a capacidade motora de locomoção mas também preencheu-se a vaidade. Explica-se: até o detalhe da unha foi feito na peça que corrigiu- lhe a deficiência física.

“Em nossas análises, observamos que o dedo postiço tem sinais de desgaste e uso, sugerindo que ele foi mesmo utilizado por longo tempo”, diz o cientista britânico Jacky Finch, chefe do Centro de Egiptologia Biomédica da Universidade de Manchester. “Nos surpreendeu a perfeição dos pontos dobráveis, mostrando que essa prótese não visava somente o aspecto estético de quem perdera o hálux direito.” Finch e sua equipe estão prestes a comemorar, assim, o grande passo que deram na história da medicina especializada: dataram o seu início em pelo menos 700 anos antes do que se imaginava. E a alegria é tanta que até já batizaram a peça de “Dedo do Cairo”, uma vez que a múmia na qual ele foi encontrado é egípcia.

arqueologia2_90.jpg

Até agora acreditava-se que a prótese mais antiga era a de uma perna, localizada em uma tumba próxima a Capua, na Itália – mas infelizmente destruída durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Construída em madeira e reforçada em bronze, couro e ferro, essa perna artificial surpreendia pela forma de seu joelho extremamente similar ao nosso e tão funcional como ele. Os cientistas capitaneados por Finch irão agora copiar a prótese localizada no Cairo e implantar as réplicas em voluntários. Se tudo der certo, a experiência poderá abrir novos caminhos para a medicina moderna – e tudo a partir de técnicas da medicina de milênios atrás.