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Imagine a entidade que comanda o futebol mais vitorioso do planeta sem um arquivo digitalizado em pleno início da era do computador? É difícil entender como, mas isso aconteceu. Em 1989, quando Ricardo Terra Teixeira, nascido na cidade mineira de Carlos Chagas, em 20 de junho de 1947, assumiu o comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), as coisas funcionavam assim.

As condições eram precárias na sede, localizada na rua da Alfândega, no centro do Rio de Janeiro. Se sobravam pastas com papéis antigos e sem nenhuma organização, faltavam recursos financeiros. Após derrotar Nabi Abi Chedid nas eleições para a presidência, Teixeira ficou sabendo que havia dívidas dos mais variados tipos. Entre elas, referentes a alguns amistosos. A entidade já havia recebido cotas de disputa de alguns jogos… que nunca haviam sido disputados. Não bastasse isso, mal havia como planejar a preparação para a Copa do Mundo, que seria disputada dali a um ano, na Itália.

Nos primeiros passos para a mudança de rumos no futebol brasileiro, o dirigente criou a Copa do Brasil, competição que colocaria os grandes clubes do país na disputa com times de centros com menos evidência na mídia, na primeira competição integrando todos os estados do Brasil e o DF. Além do troféu, o campeão receberia uma vaga na Copa Libertadores do ano seguinte. Com uma vitória sobre o Sport, no estádio Olímpico, o Grêmio foi o primeiro vencedor do torneio, em 1989.

O ano marcou também a primeira conquista continental da seleção brasileira em 40 anos. Com vitórias sobre a Argentina de Diego Maradona e o Uruguai de Enzo Francescoli, o time dirigido por Sebastião Lazaroni ganhou a Copa América no Maracanã. A campanha mostrou ao mundo a dupla de ataque Bebeto e Romário e fez com que o Brasil ganhasse status de favorito ao título mundial, que só aumentou após vitórias, fora de casa, nos amistosos contra Itália e Holanda.

O título na Itália não veio, mas o aprendizado com a eliminação na Copa do Mundo de 1990 determinou um novo rumo na gestão do futebol, com o estabelecimento de um coordenador técnico na comissão – no caso, Zagallo –, e a unificação do calendário da seleção e dos clubes. Nos três Mundiais seguintes, a seleção chegou a todas as finais, com duas conquistas – 1994 e 2002 – e um vice-campeonato. No ano seguinte ao pentacampeonato mundial, o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado no sistema de pontos corridos, reivindicação de muitos críticos da principal competição do futebol nacional.

O processo de mudança culminou com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, após eleição na sede da Fifa, em outubro de 2007.

No campo, a seleção brasileira começa o ano com o comando unificado das categorias de base masculinas. Ney Franco, técnico da equipe sub-20, será o coordenador das outras categorias e terá contato direto com o treinador do time principal, Mano Menezes. O objetivo é formar uma seleção para ganhar o Sul-Americano Sub-20 e partir para uma conquista inédita, o ouro olímpico. Sem esquecer o Mundial que será disputado no Brasil, em 2014. “Buscamos com esse time dois grandes objetivos, que são a disputa das Olimpíadas e a formação de um grupo para a Copa do Mundo de 2014”, afirma Ricardo Teixeira.

Para a Copa do Mundo a ser realizada no país, a CBF terá um centro de treinamento e uma sede na zona oeste do Rio de Janeiro. “É um marco para o futebol brasileiro. Quero o que existe de melhor no mundo”, disse o presidente da entidade em setembro de 2009, no lançamento da pedra fundamental das novas instalações. Tudo de última geração, como não era há 22 anos. 

 

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