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Após mais de 60 anos de espera, a bola vai voltar a rolar em uma Copa do Mundo realizada no Brasil. O Mundial de 2014, no entanto, deve trazer a imagem de um país muito diferente daquele que sediou o evento em 1950. A competição quase que romântica disputada no pós-Guerra deu lugar a um torneio que hoje tem dimensões astronômicas. Para atender tanto aos interesses da mídia quanto do torcedor, que pretende conferir de perto as partidas, muitas obras já começaram.

Para fazer da Copa do Mundo um sucesso, além das instalações esportivas, serão necessárias obras de infraestrutura não só nas cidades que vão receber os jogos, mas também nas que abrigarão turistas e as equipes em fase de treinamento para o Mundial. Segundo a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), devem ser investidos mais de R$ 160 bilhões por ano até a realização do evento.

“Os investimentos calculados são necessários em áreas como transporte, telecomunicações, energia elétrica, saneamento e petróleo e gás. Isso é necessário para que o país mantenha um ritmo de crescimento sustentável sem ser prejudicado pela falta de infraestrutura. Os valores que serão aplicados nas cidades variam em cada uma delas, já que os municípios decidirão quanto e como irão investir”, afirma Ralph Lima Terra, vice-presidente executivo da Abdib, sem esquecer que muitas dessas obras já se encontram em estágio avançado de execução. “De uma maneira geral, as cidades já vêm se movimentando em setores que serão exigidos mais fortemente durante a realização do Mundial de 2014, como saneamento e mobilidade urbana. São obras necessárias, independentemente da realização do evento. O tempo até o início da Copa tem diminuído, mas acredito que será possível fazer investimentos importantes no tempo adequado, atentos às questões de planejamento e gestão de projetos”, diz.

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Mudanças na infraestrutura das cidades não serão
realizadas apenas nas sedes, como Brasília (foto), mas em
outros municípios com grande potencial turístico
 

Pouco menos de quatro anos antes da realização do torneio, o momento econômico por qual passa o Brasil é considerado excelente para a tomada de decisões sobre infraestrutura. “A realização de um evento como a Copa representa uma oportunidade inédita. Se bem conduzida, é uma ocasião para o país avançar na superação de diversos gargalos internos, além de trazer a chance de melhorar sua imagem e sua inserção na economia global. O torneio poderá servir como um catalisador de ações governamentais e empresariais, sobretudo em infraestrutura, mas também em outros setores, como saúde, segurança pública e hotelaria, por exemplo”, lembra Ralph sobre as principais áreas de atuação antes do evento.

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A grande contribuição, no entanto, fica para quem muitas vezes não está diretamente ligado ao esporte. Para a Abdib, a população como um todo deve ganhar com os investimentos em transporte, saneamento básico, saúde etc. “Não temos números, mas de uma maneira geral, toda a população será beneficiada com as melhorias, sejam elas no campo dos transportes, do saneamento ou mesmo de hotelaria, que atrairá mais turistas, gerando emprego e renda”, completa Ralph.

Antes mesmo do ano que promete mudar o rumo do esporte nacional, alguns números chamam a atenção. Segundo o ministro do Turismo do governo Lula, Luiz Barreto, a principal mostra disso está na atenção dada ao transporte aéreo no país. “Temos hoje 35 empresas estrangeiras voando para o Brasil, sendo que, nos últimos três anos, sete novas companhias passaram a voar regularmente para nosso país. Assim, diversificamos nossos portões de entrada para qualificar o desempenho do setor”, analisa.

Entre as organizações governamentais que mais se movimentam para o evento, sem dúvida está o Ministério do Turismo. A expectativa em relação ao número de visitantes no país para 2014 impressiona. Segundo o órgão, somente no ano que vai abrigar a Copa do Mundo, o Brasil deve receber cerca de oito milhões de estrangeiros. O investimento na criação de vagas nos hotéis é feito pela iniciativa privada, mas o governo tomou algumas atitudes para fomentar o investimento. Segundo a pasta, foi criada uma linha de crédito com valor inicial de R$ 1 bilhão pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ProCopa Turismo já garantiu, por exemplo, mais de R$ 150 milhões em financiamentos para a rede hoteleira do Rio de Janeiro.
 

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Tradicionais pólos turísticos do Nordeste, Fortaleza (acima)
e Salvador vão sediar jogos da Copa

O plano para atender o turista não se concentra somente nas 12 cidades que devem ver a bola rolando, mas sim nos principais pontos turísticos do Brasil. Ao todo, o governo trabalha com 65 destinos considerados chaves. Somente com essas cidades, em termos de qualificação profissional para atender o visitante, devem ser gastos cerca de R$ 440 milhões, com mais de 300 mil profissionais beneficiados.

Além da qualificação, o mercado hoteleiro já comemora o aumento da quantidade de empregos gerados de maneira direta no setor. Para Bruno Omori, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o número de vagas diretas deve aumentar cerca de 65% em 2014. Ele também lembra que a criação desses postos ajuda outros setores da economia. “Cada emprego direto gera aproximadamente 6,5 vagas de maneira indireta”, lembra Bruno, sem esquecer o legado que a Copa do Mundo pode deixar para o ramo em termos de estrutura. “Na promoção e no crescimento do turismo, somente na cidade de São Paulo adiaríamos por no mínimo mais dez anos esse incremento caso o Mundial não acontecesse”, finaliza.

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BNDES lançou uma linha de crédito de
R$ 1 bilhão para investimento na criação de
novas vagas nos hotéis do país

A consolidação do país em termos turísticos faz as organizações hoteleiras sonharem alto. Mais do que atender bem o hóspede durante o Mundial, a ideia é transformar o Brasil em um destino turístico nos moldes das principais cidades do planeta. “Diria que meu otimismo é do tamanho do Cristo Redentor. O legado deixado por esse e por outros eventos esportivos realizados aqui fará do Brasil um destino mundialmente conhecido”, festeja Virgílio Carvalho, da Confederação Nacional do Turismo (CNTur). 
 

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